• Carregando...

Desde que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2014 estagnou e foi igual ao de 2013, enquanto a população aumentava em 1,8 milhão de pessoas, o Brasil vem colecionando sucessivos indicadores ruins e más notícias na economia. A explosão da taxa de desemprego que deixou 11,4 milhões de pessoas sem trabalho, a queda acumulada do PIB em torno de 9% nos últimos três anos e a inflação que ultrapassou os dois dígitos e ficou em 11,67% no ano passado estão entre os indicadores negativos da grave recessão que acometeu o país.

O primeiro semestre deste ano caminhava para consolidar o quadro de crise e aprofundar a recessão, cujo indicador mais grave vinha da previsão de queda no PIB em torno de 3,8% sobre 2015. Para piorar o pessimismo, analistas nacionais e organismos internacionais projetavam o PIB de 2017 parando de cair, mas sem possibilidade de crescer. Como elementos agravantes da recessão estavam duas outras crises igualmente graves: a complicada situação da presidente Dilma Rousseff e os efeitos da rede de corrupção revelada na Operação Lava Jato e outras similares.

Os bons sinais se confirmarão se e quando a principal variável social, a taxa de desemprego, atingir melhoria substancial

Alguns fatos positivos começaram a ocorrer, a exemplo da elevação de preços internacionais de vários produtos exportados pelo Brasil, e alguns bons sinais começam a surgir no horizonte da economia, os quais, se não são capazes de operar milagres, estão apontando para alguma melhoria real do quadro macroeconômico a partir do segundo semestre. A balança comercial (movimento de exportações e importações de mercadorias) apresentou saldo positivo de US$ 23,7 bilhões no primeiro semestre e iniciou a reversão do déficit ocorrido em anos anteriores. A melhora das exportações e dos lucros dos exportadores abre possibilidade para expansão dos investimentos e do nível de emprego nos setores que vendem para o exterior.

A confiança geral no país vem melhorando e a recuperação da confiança do consumidor tem crescido nos últimos meses de forma sistemática, o que é importante para estimular a demanda de consumo e elevar o nível de investimento feito pelas empresas. A previsão de queda no PIB de 2016 era de 3,8% no início do ano; agora está em torno de 3,3% e, para 2017, já se prevê um crescimento igual ou superior a 0,5%. Não é uma recuperação estrondosa, mas é o fim da recessão e o começo da recuperação em níveis superiores ao que se imaginava no início deste ano.

Para a inflação – que foi de 10,67% no ano passado, superando e muito a meta do Banco Central de 4,5% –, as previsões são de que ela pode ser inferior a 7% neste ano e convergir para a meta a partir de 2017. Os bons sinais se confirmarão se e quando a principal variável social, a taxa de desemprego, atingir melhoria substancial. Se o número de pessoas ocupadas aumentar, a arrecadação tributária melhorará e haverá mais um efeito benéfico fundamental para o crescimento do país, que é a redução do rombo nas contas do setor público. O déficit fiscal consolidado do governo está em nível elevado e é, atualmente, um dos principais problemas – sobretudo pelo efeito de elevar perigosamente a dívida pública –, cuja solução depende do aumento das receitas do governo, pois nada é mais difícil que a redução dos gastos públicos.

Esses sinais, ainda que sejam positivos, não permitem previsão sólida sobre o fim da recessão. Entretanto, representam um grande alento por agirem como um freio à derrocada da economia brasileira em níveis não vistos há muito tempo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]