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| Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

Os dois principais problemas econômicos do Brasil hoje são o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e o desemprego. Ambos estão diretamente ligados à recessão. Da população total de 207,2 milhões, 103 milhões compõem a chamada “população economicamente ativa” (os que estão em condições de trabalhar), dos quais 13 milhões estão desempregados, fenômeno cuja causa primária é a queda de 7,4% do PIB de 2016 em relação a 2013, já que as vagas totais de empregos dependem do tamanho da produção feita no território nacional e da estrutura tecnológica incorporada ao sistema produtivo. Uma vez dado o nível de automação e o tipo de tecnologia de cada etapa do processo produtivo, menos produto implica menos gente trabalhando.

Um efeito conhecido dos especialistas em economia do setor privado é que, quando o PIB cai, o aumento do desemprego pode ser calculado com boa dose de precisão técnica. A cada ponto porcentual de queda no PIB, considerando a forma como a recessão se distribui pelos vários setores da economia, sabe-se quantos empregos formais serão perdidos. Assim, os 13 milhões de desempregados resultam do tamanho a que chegou a recessão brasileira.

A recuperação do PIB não traz de volta os empregos na mesma proporção em que foram perdidos

O problema está no fato de que a recuperação do PIB não traz de volta os empregos na mesma proporção em que foram perdidos. Embora qualquer retomada do crescimento do PIB provoque aumento do nível de emprego, cada ponto porcentual de aumento do produto não recupera o número de vagas perdidas a cada porcentual de queda do PIB no passado. A razão, de forma simplificada, é que a recessão impõe às unidades produtivas ajustes e reformulações em seus sistemas logísticos e de automação, fazendo que a saída da recessão ocorra com menor necessidade de trabalhadores; em muitos casos e situações, a produção se recupera com incorporação de novas tecnologias e novas máquinas, as quais exigem menor número de trabalhadores. Se as metodologias conhecidas funcionarem, quando o PIB brasileiro crescer e voltar a ser o mesmo de 2013, o número de empregos recuperados será menor que o número de empregos perdidos.

Além disso, se levarmos em conta o aumento da população – em torno de 1,8 milhão por ano –, o número de desempregados tende a ficar ainda mais alto. O resumo desse panorama complexo é que a economia precisa retomar o crescimento do PIB de forma rápida e a taxas elevadas como forma de elevação do número de empregados. Infelizmente, a estimativa oficial é de que o PIB de 2017 cresça menos de 1% sobre o ano passado, embora o ministro da Fazenda goste de afirmar que no último trimestre deste ano o PIB poderá estar rodando a uma taxa perto de 3% maior que no mesmo trimestre de 2016.

Os prefeitos, os governadores e as autoridades federais aprenderam da forma mais dramática como o estrago feito pela recessão afeta as contas públicas. Não conseguindo reduzir despesas e vendo a arrecadação tributária despencar fortemente, os déficits fiscais explodiram e jogaram os municípios, os estados e a União em uma crise financeira de alta gravidade. Neste cenário, os políticos em todos os níveis deveriam ter uma meta prioritária: a retomada urgente do crescimento do PIB, para o que deveriam ter o apoio dos sindicatos e das centrais que dizem defender os trabalhadores. Ainda que haja divergências sobre os efeitos de cada medida ou política pública sobre o crescimento, há um certo número de medidas que o mundo sabe serem capazes de ajudar no aumento da produção. Esse deveria ser o tema nacional na esfera econômica. Infelizmente, as confusões políticas e crise jurídico-moral assumiram o show diário a que a nação assiste, assustada.

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