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| Foto: Ricardo Stuckert/PT

“O senhor é uma alma de pobre. Eu, todo mundo que fala aqui no meio, eu falo o seguinte: imagina se fosse aqui no Rio esse sítio dele, não é em Petrópolis, não é em Itaipava. É como se fosse em Maricá. É uma m... de lugar, p...!” – foi o que disse o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, ao ex-presidente Lula, em uma das conversas gravadas e divulgadas com autorização judicial no ano passado. A resposta de Lula foi uma gargalhada. Pois foi em Maricá, a única cidade fluminense ainda administrada pelo PT, que Lula continuou sua caravana de campanha eleitoral antecipada e fez uma avaliação surreal dos motivos para o caos que vive o Rio de Janeiro.

O estado é, hoje, recordista em ex-governadores presos por corrupção. Estão atrás das grades Sérgio Cabral, Anthony Garotinho e Rosinha Matheus – o trio governou o Rio de 1999 a 2014, com o intervalo de nove meses da gestão de Benedita da Silva, vice de Garotinho, que tinha renunciado para concorrer à Presidência da República em 2002. Todos eles foram aliados de Lula e do PT, especialmente Cabral, elogiado por Lula como “pura emoção”, de “olhar fraterno, olhar generoso”, e que agora amarga a maior pena de prisão no âmbito da Operação Lava Jato: 45 anos.

O que a Lava Jato realmente está fazendo com o Rio e com a Petrobras é dando uma oportunidade de recomeço

Políticos corruptos vêm pilhando o Rio de Janeiro há mais de uma década – e o problema nem de longe se resume aos ex-governadores, como demonstram as operações que levaram à prisão de deputados estaduais, ainda que a medida tenha sido revogada posteriormente pela Assembleia Legislativa. A situação fiscal do estado é uma das piores entre todas as unidades da Federação; não é exagero dizer que o Rio está praticamente falido. De quem é a culpa por esse estado de coisas, segundo Lula? Da Lava Jato. “A Lava Jato não pode fazer o que está fazendo com o Rio”, disse o ex-presidente a uma plateia que incluía funcionários uniformizados da prefeitura de Maricá.

Para Lula, a situação da Petrobras – que tem participação relevante na economia fluminense – não é culpa dos corruptos que saquearam a estatal, mas da operação que investiga e pune a corrupção. A Lava Jato “não pode, por causa de meia dúzia de pessoas que dizem que roubaram e ainda não provaram, causar o prejuízo que estão causando à Petrobras”, disse o ex-presidente condenado na primeira instância. Uma frase errada em todos os sentidos. Primeiro, porque o esquema não se limitou a “meia dúzia de pessoas”: o esquema envolvia dezenas de políticos, operadores financeiros, diretores da estatal, empreiteiros, muitos deles já acusados e condenados. Segundo, porque a existência do petrolão está mais que provada, até mesmo pelas confissões de muitos dos participantes do próprio esquema. E, por fim, porque obviamente o prejuízo à Petrobras não foi causado pela Lava Jato, mas pela ação dos ladrões ali instalados com o objetivo de irrigar o projeto de poder petista. E não foi apenas a corrupção que destruiu a empresa durante os anos de lulopetismo no Planalto: decisões empresariais desastrosas, como a compra da refinaria de Pasadena e o represamento artificial de preços de combustíveis em 2014, para ajudar a reeleição de Dilma Rousseff, colaboraram para sucessivos prejuízos que só agora começam a ser revertidos pela administração de Pedro Parente.

Leia também: O caos no Rio de Janeiro (editorial de 17 de novembro de 2017)

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O que a Lava Jato realmente está fazendo com o Rio e com a Petrobras é dando uma oportunidade de recomeço. Se o Rio e a Petrobras tivessem sido administrados com honestidade, não seria necessária Lava Jato, os servidores públicos fluminenses estariam recebendo seus salários normalmente e a estatal não teria afundado em prejuízos bilionários. Ou Lula preferiria que o Rio continuasse nas mãos de seus aliados corruptos e que a Petrobras continuasse a ser sugada em esquemas de pilhagem? Talvez seja melhor não ouvir a resposta...

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