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| Foto: Thomas Coex/AFP

O economista Douglass North, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1993, afirma que as três causas principais das diferenças entre as nações ricas e as pobres são a qualidade das instituições, a cultura e as crenças do povo, e o comportamento do governo. Para ele, outros fatores interferem nas razões que fazem algumas nações se tornarem ricas enquanto outras, mesmo com riquezas naturais abundantes, permanecem na pobreza. Entretanto, se atuarem simultaneamente na direção errada, as três causas citadas impedem uma nação de progredir inexoravelmente. Há nações que, por possuírem riquezas naturais abundantes, conseguem elevadas receitas de exportações – como é caso dos países produtores de petróleo –, o que lhes dá condições de poderem comprar tecnologias e bens de capital do exterior; apesar disso, não conseguem superar a pobreza e o atraso.

Um exemplo da realidade citada por Douglass North em seus estudos é a Venezuela. Esse país está sentado sobre uma das maiores reservas de petróleo do mundo, foi beneficiado por altas receitas de exportação, sobretudo nos períodos em que os preços desse produto se mantiveram elevados, e apesar disso é um país destroçado, pobre, violento, com inflação, desemprego e péssimas condições de bem-estar social. Enquanto isso, há nações pobres em recursos naturais que conseguem se desenvolver e oferecer bom padrão de vida para a população, das quais o Japão é um bom exemplo.

A apropriação de bens públicos para favorecimento privado mostra o estágio da evolução educacional e cultural do país

Quanto à qualidade das instituições, dois pontos essenciais dizem respeito a como elas funcionam e ao grau de confiança que a sociedade tem nelas. No grupo das instituições mais importantes estão a Justiça, o parlamento, o Poder Executivo, a educação pública e o Banco Central, seguidas do corpo de leis sobre investimento, tributação e funcionamento dos mercados. Não é preciso muito para saber que, no Brasil, a qualidade das instituições está abaixo do mínimo necessário para o país progredir, principalmente nestes tempos de operações contra a corrupção gigantesca que tomou conta do sistema estatal.

Quanto à cultura e às crenças do povo, destacam-se os valores nacionais, as virtudes individuais e a maneira como as pessoas se relacionam com as instituições e com os atos no trabalho e nas relações econômicas. O comportamento de políticos corruptos e/ou incompetentes, a apropriação de bens públicos para favorecimento privado e o mar de fraudes que tomou conta do país são elementos do estágio da evolução educacional e cultural do povo. Embora essa segunda causa do atraso seja determinante para explicar o estágio de pobreza da nação, a terceira causa referida por Douglass North – o comportamento do governo – vem boicotando sistematicamente o desenvolvimento econômico e social do país.

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O comportamento do governo, em todas as esferas federativas, tem se mostrado desastroso em termos de eficiência e destruidor em termos de moralidade. O Brasil construiu um sistema estatal nos municípios, nos estados e na União que, mesmo retirando 36% da renda nacional e gastando mais de 40% dessa mesma renda, não consegue devolver investimentos e serviços públicos compatíveis com a montanha de dinheiro arrecadado. Além da conhecida ineficiência estatal e da burocracia cara e inchada, o enorme tamanho da imoralidade refletida nas fraudes, nos desvios e na corrupção em geral está solapando todos os esforços para fazer o país crescer e se desenvolver, a fim de deixar para trás os traços de pobreza, miséria e violência que tomou conta da nação. Combater a imoralidade e a corrupção dela derivada não é apenas uma questão de justiça, é uma necessidade econômica sem a qual o país não sairá do atraso social em que se encontra.

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