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Seria útil se governo e sociedade adotassem a atitude de olhar o mundo, analisar o passado, estudar as políticas de cada país, identificar as fórmulas do crescimento econômico e abandonar as políticas que de forma recorrente vêm dando errado. Para tanto, seria preciso que povo e governo deixassem de lado qualquer fanatismo ideológico, a fim de extrair lições das práticas e das políticas que deram certo em outros países. Muitas vezes, a melhor política é diferente da crença consolidada internamente. Ademais, o mundo tem um vasto histórico das políticas que funcionaram e provocaram a prosperidade.

Por décadas, políticos, intelectuais e parcelas da população acreditaram que o socialismo do tipo soviético poderia vencer o desafio de fazer o produto crescer e distribuí-lo a todos – se não de forma igualitária, pelo menos com a menor desigualdade possível. Não foram poucos os que defenderam a ideia de que, se todos fossem bem nutridos, valeria a pena eliminar a liberdade individual, proibir a propriedade privada e submeter o povo à ditadura do Estado (que nada mais é do que ter uns poucos mandando, sob a força das armas, em todo o resto da população).

Sob leis que inibam o florescimento do lado mau do indivíduo e pela organização de um setor público capaz de melhorar a distribuição dos frutos do desenvolvimento, a liberdade individual e o direito de propriedade – leia-se, o capitalismo – constituem pilares eficazes para o progresso material e o desenvolvimento social

O ser humano, no entanto, é um animal dicotômico, que coopera e compete, ama e odeia, e é capaz dos atos mais nobres e dos crimes mais cruéis. Esse sistema – experimentado no bloco soviético e em outras partes do mundo –, sem liberdade e sem direito de propriedade privada dos meios de produção, erigiu o pior dos mundos: pobreza econômica e ditadura política, debaixo de sangue e assassinato de parte dos habitantes por quem devia defender a nação: o Estado.

Foi preciso que o sistema comunista ruísse sob a falência econômica e a pobreza social – culminando com sua destruição não por seus adversários, mas por suas vítimas – para que, contrariados, seus defensores admitissem que esse sistema não é solução para os problemas humanos. O comunismo não foi abolido pela invasão de um país por outro, mas sim pelas revoltas internas de povos que perderam a liberdade e não ganharam o bem-estar econômico e social.

Confirmou-se, depois de 70 anos de experiência comunista, que o ser humano tem seus interesses e que, se deixado livre para empregar seu esforço e suas faculdades mentais, podendo apropriar-se dos frutos de seu trabalho e iniciativa, as inovações tecnológicas e o progresso material viriam como consequência. Sob leis que inibam o florescimento do lado mau do indivíduo e pela organização de um setor público capaz de melhorar a distribuição dos frutos do desenvolvimento, a liberdade individual e o direito de propriedade – leia-se, o capitalismo – constituem pilares eficazes para o progresso material e o desenvolvimento social.

A decadência começa quando o governo, especialmente o braço executivo do Estado, age com medidas típicas de ditadura política e políticas econômicas socialistas e intervencionistas. Um exemplo atual e escancarado do atraso provocado pela existência de um regime político com viés ditatorial e um capitalismo distorcido pelo Estado vem da Venezuela. Embora os fatos estejam aí, abertos para mostrar que tal sistema não funciona, é grande o número de políticos e intelectuais, inclusive no Brasil, que seguem defendendo esse tipo de organização política e econômica da nação.

No Brasil, com menor intensidade, a deterioração do Estado, a decadência moral e o atraso econômico vêm recebendo a colaboração de práticas e políticas de governos com origem socialista. Não são poucos os que ainda enxergam, com certo fanatismo, o socialismo e o estatismo como solução para o atraso do país. O filósofo George Santayana afirmava que “um fanático é aquele que redobra o empenho quando já perdeu seu objetivo”. A Venezuela está no rumo de mostrar ao mundo que os fanáticos não se rendem à realidade e, mesmo contrariando os fatos, insistem em um modelo incapaz de ser a solução.

O caso brasileiro não chega a ser igual ao da Venezuela, mas aqui também o país insiste em negar a realidade e segue retornando a práticas que tanta crise e tanto atraso causaram no passado, especialmente na gestão da economia nacional. A deterioração do segundo governo Dilma em menos de três meses da posse é preocupante – se não por outra razão, pelo fato de que ainda restam quatro anos de mandato e o preço de seu fracasso é o sofrimento da população. É lamentável, pois, nos anos em que Lula colheu os frutos do quadro internacional favorável, parecia que o Brasil havia achado o caminho do progresso, qualquer que fosse o partido no poder. Mas a situação atual está na direção oposta.

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