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Antes tarde do que nunca, a Argentina viu-se livre, no último domingo, dos longos 12 anos do regime populista implantado pelo casal Néstor e Cristina Kirchner. Em apertada eleição de segundo turno – a primeira na história argentina – venceu o oposicionista Mauricio Macri, prefeito de Buenos Aires, prometendo devolver à Argentina a credibilidade perdida e a retomada do seu grande potencial de desenvolvimento.

Um dos primeiros sinais de que o novo presidente está disposto a iniciar uma guinada foi a confirmação, logo após o resultado das urnas, de que lutará pela saída da Venezuela do Mercosul. Mais do que um ato voltado a devolver vigor econômico ao bloco comercial sul-americano, deve-se entendê-lo como um emblema do compromisso de Macri com a democracia, com o respeito às liberdades, com o processo civilizatório e com o fortalecimento econômico do continente.

Sua eleição acende a chama de esperança de que é possível vencer a intolerável e prejudicial ideologia que foi instalada na Argentina. O viés autoritário e populista tem assumido diferentes formas e graus de intensidade na América Latina. Na Venezuela, para citar o exemplo mais extremo, essa ideologia assumiu contornos totalitários no bolivarianismo –a pseudo-ideologia criada pelo ditador Hugo Chávez. Não só porque ela foi responsável pelo retrocesso econômico e social venezuelano mas, sobretudo, porque inusitadamente encontrou em muitos países campo fértil para fazer discípulos.

Abrem-se perspectivas de um maior, mais estável e mais dinâmico processo de intercâmbio comercial com o Brasil

As liberdades civis na Venezuela levaram ao confisco e a severas restrições aos veículos de comunicação opositores. O populismo exacerbado praticamente destruiu a iniciativa privada sem que o papel desta – até mesmo no suprimento produtos de consumo popular – fosse substituído adequadamente pelo estado. Na era Kirchner também houve excessos guiados pelo populismo, mas de outra ordem e intensidade. Criaram-se leis de controle da mídia visando submetê-la às vontades do poder e políticas equivocadas fizeram a população sofrer com o desabastecimento, a desorganização dos mercados, a falta de investimentos e a ineficiência administrativa. Em menor intensidade, mas tão desastrado quanto, o Brasil também tem sofrido com o domínio do PT que, sob o comando do ex-presidente Lula e da reeleita presidente Dilma Rousseff, foi o responsável pela crise recessiva e de valores institucionais e morais que o país hoje vive.

Segunda maior economia da América do Sul e outrora um dos mais desenvolvidos países do mundo, a Argentina parece agora ter uma nova chance de recuperar o tempo perdido. Ainda é cedo para afirmar, mas a vitória de Macri pode ser o início de uma reversão das tendências retrógradas que tomaram conta do continente na última década. E o fez democraticamente, pela vontade popular que, embora apertada, deu a vitória a Mauricio Macri.

Abrem-se também perspectivas de um maior, mais estável e mais dinâmico processo de intercâmbio comercial com o Brasil, assim como de uma abertura para os mercados globais do Mercosul – atualmente um bloco que capenga em restrições que impedem seus parceiros de incrementar negociações bilaterais e multilaterais.

Macri na presidência argentina tem um valor não apenas simbólico por poder representar o início do fim de uma tendência político-ideológica representada pelo populismo, mas também um valor prático por abrir caminhos para uma era mais brilhante – inclusive para o Brasil.

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