“Chaouiche”, dizem os letreiros na fachada e nos vidros da construção que fica na esquina das ruas Emiliano Perneta e Brigadeiro Franco. Inaugurado em novembro, o espaço abriga a primeira loja do estilista paranaense Rafael Chaouiche e representa um novo capítulo na trajetória do profissional, um apaixonado por moda desde a infância.

“A moda meio que nasceu comigo”, diz. Aos seis anos, quando ainda morava no distrito de Calógeras, no município de Arapoti, nos Campos Gerais, ele já se dedicava a desenhar roupas. À época, sua mãe, mesmo sob protestos do pai, incentivava essa criatividade ao presenteá-lo com bonecas para que pudesse confeccionar suas próprias peças.

Não foi, então, uma surpresa quando, aos 17, Chaouiche se mudou para Curitiba para cursar moda e, sete anos mais tarde, decidiu abrir seu primeiro ateliê em casa, mesmo diante das dificuldades impostas por um mercado competitivo como a moda.

Pouco a pouco, o talento e a dedicação renderam reconhecimento, inclusive internacional: em 2022, aos 29 anos, o estilista foi escalado para participar do reality show “Making the Cut”, transmitido pela Amazon Prime Video. “Eu fui convidado a participar por uma equipe de casting internacional que faz a curadoria de designers do mundo inteiro. Foram cerca de quatro meses de processo e 1.200 designers entrevistados e eu fui um dos selecionados”, conta.

“Desde o momento em que me inscrevi eu já me enxergava na final, e foi o que aconteceu, eu cheguei na final”. Para ele, a participação – e o segundo lugar – não foi apenas um trampolim para sua carreira, mas uma oportunidade de representar a excelência da moda brasileira internacionalmente. Chaouiche ainda destaca a importância de transmitir a mensagem de que o Brasil também pode ser uma referência na moda global.

Além do resultado, um dos pontos altos da experiência no reality para Chaouiche foi a interação com o consultor de moda americano – e mentor de estilistas e celebridades – Tim Gunn. “Ele é uma lenda. Eu já vi o Tim Gunn desde a época do Project Runway. Então, eu ter vivido isso com ele foi muito significativo”.

Mas o processo não se deu sem desafios, principalmente pessoais. Ao longo das gravações, a mãe do estilista descobriu um câncer. Um mês antes de o programa ir ao ar, ela faleceu. “Foi bem desafiador, porque eu estava vivendo um ótimo momento profissional, mas um momento pessoal bem delicado”.

Depois desta intensa experiência, profissional e pessoalmente falando, Chaouiche decidiu voltar para casa para abrir sua primeira loja. Estrategicamente localizada na Rua Emiliano Perneta, 766, o espaço não é apenas um ponto de venda; situado na última esquina do Centro antes da transição para o bairro Batel, representa a essência underground e cool que caracteriza as criações do estilista.

“Comecei aqui, meu primeiro ateliê foi aqui. Aqui foi a cidade para onde me mudei e é onde tenho os meus amigos, onde construí a minha equipe, que já trabalha comigo há anos. Não tinha como minha primeira loja ser em outro lugar”, afirma.

Com um design amplo e futurista, o projeto da loja, assinado pela arquiteta Priscilla Muller, ultrapassa o conceito tradicional, transformando-se em um “meeting club” que busca unir pessoas em momentos especiais.

No primeiro andar, está a loja aberta ao público. Já no andar superior, está o atelier do estilista, que dedicou cinco anos de trabalho em sua casa antes de materializar este sonho. “Fazer moda em Curitiba para mim é muito interessante, porque, hoje em dia, São Paulo é muito referência em moda, né? As grandes capitais do Brasil são muito referência em moda e o fato de eu ter clientes que vêm do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Goiás, de Belo Horizonte, para cá, em Curitiba, é incrível”.

O momento único na carreira de Chaouiche coincide com o convite para representar a Região Sul em uma ação em celebração dos 70 anos da Petrobras, a Petrohype. O estilista foi um dos cinco criadores convidados pela empresa – ao lado de Meninos Rei, Naya Violeta, Pedro Andrade e We’e’ena TIKUNA – para fazer uma releitura da icônica jaqueta laranja que integra o uniforme dos petroleiros.

A proposta, conforme a Petrobras, é celebrar a diversidade regional e cultural, valorizar a economia criativa e aproximar a marca dos jovens.

Na nova loja, os clientes encontram a mais recente coleção de Chaouiche, intitulada “New Chapter” e inspirada nas ruínas milenares descobertas durante uma viagem do estilista à Itália, em fevereiro de 2023. O ponto central da coleção é a estrutura das colunas das ruínas. “Descobri ruínas milenares nas quais as colunas estavam praticamente intactas. São essas estruturas, que traduzem a consolidação do meu trabalho, o ponto central da nova coleção, dando o tom em várias peças”.

Uma amálgama única de texturas e simetrias, a coleção conta peças versáteis para todas as ocasiões. Com 70% dos tecidos nacionais, caracteriza-se pela combinação de materiais como seda pura, seda com lurex, algodão 100%, jeans, jacquard, lantejoulas, tule, plástico tecnológico e tricô. A linha Basics oferece peças prontas para o dia a dia, mantendo a informalidade sem perder a qualidade superior.

Chaouiche expressa sua paixão pelo mix de texturas e materiais, evidenciando um cuidado artesanal em cada peça. “Minha família favorita de peças é a dos tecidos high-techs, que mudam de cor quando você joga iluminação, que é para as mulheres realmente se sentirem iluminadas usando aquilo”.

Para o futuro, Chaouiche promete um mix completo em suas próximas coleções, abrangendo diversas ocasiões. Sua proposta é proporcionar às mulheres uma experiência de moda que vai desde os momentos cotidianos até os eventos de gala.