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Vereador Émerson Petriv (de branco na foto)  chega à sessão que vai decidir sobre sua cassação | CML/Imprensa/ Devanir Parra
Vereador Émerson Petriv (de branco na foto) chega à sessão que vai decidir sobre sua cassação| Foto: CML/Imprensa/ Devanir Parra

Os vereadores de Londrina decidem neste domingo (15) se cassam o mandato do vereador Émerson Petriv (PR), mais conhecido como Boca Aberta. O parlamentar foi alvo de uma Comissão Processante que investigou se ele quebrou o decoro parlamentar ao fazer uma vaquinha virtual para pagar uma multa eleitoral. A sessão começou às 8h deste domingo (15) e, por volta das 14h40, o vereador começou a fazer sua defesa, que pode durar até duas horas de acordo com o prazo regimental da Câmara.

Durante cerca de seis horas os vereadores fizeram a leitura de peças processuais destacadas pela defesa de Boca Aberta e pelo relator do processo, o vereador Rony Alves (PTB). Depois da defesa de Boca Aberta, que deve terminar por volta das 16h40, os parlamentares decidem, em votação aberta, se Boca Aberta deve ou não ser cassado.

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Quem começou a defesa do vereador foi o advogado Eduardo Duarte Ferreira. O advogado insiste que não houve crime por parte de Boca Aberta. “Se ele não foi condenado pelas urnas, é a vez de colocarmos as mãos. É assim que se extirpa quem incomoda. Quem incomoda pelo voto, pela vontade popular e pela sede de Justiça”, disse o defensor.

“Talvez aqui seja o pontapé inicial, caso vocês aprovem esse relatório, para que cada um dos senhores possa ter seu mandato questionado. É de uma incoerência com relação à lei que talvez eu nunca tenha visto na minha vida”, completou Ferreira. Depois de Ferreira, outros dois advogados do vereador devem ter a palavra, seguidos pelo próprio parlamentar.

Segundo a denúncia feita por uma servidora municipal, o vereador publicou um vídeo em sua página de Facebook solicitando ajuda de seus eleitores para pagar uma multa que, segundo ele, teria sido aplicada por conta de uma fiscalização que fez em uma Unidade de Pronto Atendimento de Londrina, que acarretou na exigência da contratação de mais médicos e na denúncia de irregularidades no local. Entretanto, de acordo com a denunciante, Boca Aberta estava arrecadando recursos para pagar uma multa eleitoral no valor de R$ 8 mil.

Na sessão deste domingo (15), os vereadores devem responder nominalmente à pergunta “o vereador Emerson Miguel Petriv, praticando as condutas narradas na Representação, praticou infração ético-parlamentar passível de punição com a cassação de seu mandato? ”. Para escapar da cassação, Boca Aberta precisa do voto de sete dos 19 vereadores presentes na sessão. O próprio parlamentar também tem direito a voto.

Em entrevista concedida à imprensa local na manhã deste domingo, a enfermeira Regina Amâncio, que denunciou Boca Aberta, afirmou que o vereador cometeu um crime e, portanto, deve ser punido.

“Independentemente se roubou ou não roubou, ele mentiu para auferir vantagem. Ele pediu dinheiro para uma coisa, mas alegou que era outra. Quem comete este tipo de crime incorre no que está previsto aqui na Câmara: conduta incompatível com o decoro, e quem age de forma incompatível com o decoro não merece permanecer nesta Casa”, afirmou.

Já Boca Aberta chamou de golpe o processo que sofre na Câmara Municipal. “Eles não estão querendo cassar a gente, eles estão querendo caçar a gente, como se fosse bicho. Eu não sou bicho para ser caçado”, afirmou.

Ele acusa a denunciante de agir em conluio com outro vereador de Londrina. Segundo Boca Aberta, ela receberia R$ 1,5 mil por denúncia apresentada. Além disso, o parlamentar afirmou que as denúncias contra ele tramitam com uma celeridade incomum no Legislativo Municipal.

Uma Comissão Processante foi instaurada no Legislativo em julho para averiguar os fatos. Segundo o relatório feito pelo colegiado, que decidiu pelo prosseguimento da denúncia, “afigura-se claro que o vereador recebeu vantagens pecuniárias indevidas, valendo-se de sua condição de parlamentar”.

Processo conturbado

Em julho, na sessão em que a denúncia contra Boca Aberta foi acolhida pela Câmara de Londrina, uma confusão generalizada tomou conta do Legislativo, onde estavam os simpatizantes do parlamentar. Dois ônibus foram contratados para buscar cerca de 100 pessoas, em regiões periféricas da cidade, especialmente na Zona Norte, um importante reduto eleitoral do parlamentar. Nas galerias do plenário também estava a autora da denúncia, que foi identificada e ameaçada pelo grupo, o que gerou uma correria que não foi contida pela segurança da Casa. No meio do tumulto, um homem, identificado como policial civil, chegou a sacar uma arma de fogo.

As galerias foram evacuadas, e dezenas de pessoas protestaram do lado de fora da Câmara. Viaturas da Polícia Militar e da Guarda Municipal foram acionadas. O SAMU também foi chamado, para atender uma criança que passou mal e que foi carregada nos braços do vereador Boca Aberta.

Esse histórico fez com que a direção da Câmara optasse por limitar o acesso ao plenário neste domingo (15) e reforçasse a segurança no entorno do prédio. Boca Aberta queixou-se dessa limitação, afirmando que, por isso, seus apoiadores não puderam comparecer à sede do Legislativo. Até o fim da manhã deste domingo, a sessão transcorreu sem o registro de confusões.

Vereador mais votado

Nas eleições de 2016, Boca Aberta recebeu 11.480 votos, o que o lançou ao posto de vereador que mais recebeu votos em todo o Paraná. Com uma campanha feita aos moldes do que fazia o ex-vereador de Curitiba Professor Galdino, Boca Aberta sempre apostou em polêmicas e na campanha política feita na rua.

Antes de ser eleito, em 2013, ele se tornou uma pedra no sapato do prefeito Alexandre Kireeff (PSD). No começo do mandato, parava com a sua caixa de som embaixo do gabinete do prefeito e de lá fustigava Kireeff com seus discursos. A situação chegou a um ponto em que a Justiça determinou que Boca Aberta mantenha ao menos 200 metros de distância do prefeito.

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