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Lula discursa em evento com militantes após seu depoimento ao juiz Sergio Moro, em Curitiba | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo/Arquivo
Lula discursa em evento com militantes após seu depoimento ao juiz Sergio Moro, em Curitiba| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo/Arquivo

Bandeira da oposição, a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição Federal (PEC) para permitir a eleição direta em uma eventual saída do presidente Michel Temer (PMDB) encontra resistência entre integrantes da bancada do Paraná. Para eles, uma eleição direta neste momento beneficiaria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nome que segue liderando a preferência do eleitorado na última sondagem do Datafolha, divulgada no final do mês passado, ainda antes das delações da JBS.

“A maioria das pessoas que diz ‘Diretas Já’ é na boa fé. Mas algumas pessoas querem a eleição direta para salvar o Lula do [juiz federal] Sergio Moro”, acredita o deputado federal Sandro Alex (PSD-PR), um dos políticos que saíram da base aliada após a revelação da conversa entre o dono da JBS, Joesley Batista, e o presidente Temer. “Você não tem hoje nomes para se apresentarem em uma campanha eleitoral que duraria um mês, dois meses ou até algumas semanas. E ele [ex-presidente Lula] já é um nome conhecido. É o nome mais forte”, reconhece ele.

Sandro Alex enfatiza que a Constituição hoje prevê, para casos de vacância nos dois últimos anos do mandato, apenas a eleição indireta – ou seja, quando são os membros do Congresso Nacional os responsáveis pela escolha do novo presidente da República para aquele período: “Dá impressão que eu não quero dar o direito à população de votar. Mas não é isso. A Constituição Federal prevê a eleição indireta, não podemos alterá-la por casuísmo”.

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Ainda segundo o paranaense, nem haveria tempo suficiente para aprovar uma PEC no Congresso, já que textos do tipo seguem um rito especial. “Eu poderia apoiar eleições diretas se isso fosse possível. Mas, para mudar a Constituição Federal, quantos meses levaria? Já estaríamos perto das eleições de 2018. Não é tão simples. Não podemos enganar a população. Alguns partidos de oposição estão induzindo as pessoas para gerar um caos maior no País”, apontou ele.

Possíveis desdobramentos a partir de uma eventual saída do presidente Temer do Palácio do Planalto já fazem parte das conversas de bastidores no Congresso, mesmo entre aliados que, publicamente, assumiram disposição em manter apoio ao peemedebista. Para o paranaense Alfredo Kaefer (PSL), que tem dado respaldo ao presidente Temer ante uma gravação “no mínimo duvidosa”, o “jogo da oposição” ao insistir na eleição direta é “eleger o Lula”.

“Ora, todo mundo sabe que numa eleição direta, de curtíssimo prazo, o candidato que está em voga é o Lula, que ainda não foi condenado e poderá ter chance de postular uma candidatura”, diz Kaefer. “Não é o momento para discutir isso. Temos que cuidar para não termos uma ruptura constitucional. A eleição é indireta e ponto”, reforça ele.

Também disposto a manter apoio ao presidente Temer, outro paranaense, o deputado federal Nelson Meurer (PP) endossa a eleição indireta, “porque é o que determina a Constituição Federal”. “Eu acho que o presidente Temer não cometeu nenhum erro. O erro foi ter recebido o cara da JBS, sabendo que ele era ligado ao Lula. Mas era uma conversa íntima. Não poderia ter sido divulgada”, afirma o pepista.

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