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Beto comemora a reeleição em 2014: segundo delatores, foi a segunda campanha com doações irregulares. | Arquivo/Gazeta do Povo
Beto comemora a reeleição em 2014: segundo delatores, foi a segunda campanha com doações irregulares.| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

As eleições ao governo do Paraná de 2010 e 2014 foram contaminadas pelas doações ilícitas da Odebrecht, revelaram as delações de ex-executivos. Nas duas ocasiões, dois dos principais candidatos teriam recebido valores de caixa 2 e serão alvo de inquéritos, conforme decidido pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em 2014, Beto Richa (PSDB) foi eleito ainda no primeiro turno, com 55,7% dos votos válidos. Na prestação de contas do candidato há registro de arrecadação de R$ 25,9 milhões e despesas de R$ 19,4 milhões. A Odebrecht teria entregue R$ 2,5 milhões em caixa 2, segundo o ex-presidente de Infraestrutura da empreiteira Benedicto Barbosa Silva Júnior.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT), que ficou em terceiro lugar na eleição de 2014 para o governo (14,9% dos votos), teria recebido R$ 2 milhões em caixa 2, segundo Benedicto Júnior. Alguns dos pagamentos ocorreram depois da eleição, segundo ele, em outubro e novembro. Ele relatou que havia autorização de até R$ 5 milhões.

Naquele pleito, Gleisi foi campeã em gastos, conforme os registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foram R$ 24,9 milhões em despesas, contra apenas R$ 21,6 milhões em receitas oficiais. Pela legislação, todas as dívidas de campanha são de responsabilidade dos candidatos e partidos e precisam ser quitadas, com recursos próprios ou do fundo partidário.

2010

Quatro anos antes, Richa também foi eleito no primeiro turno, com 52,4% dos votos. Ele teria recebido um valor inferior, de R$ 450 mil, segundo Valter Lana Júnior, o qual ocupou o cargo de diretor-superintendente Sul da Odebrecht. Na delação, ele afirmou que o valor tinha sido autorizado por Silva Júnior. Na época, Richa registrou arrecadação oficial de R$ 23,7 milhões e despesas de igual valor.

Segundo colocado em 2010, Osmar Dias (PDT) teve 45,6% dos votos válidos. O presidente da sigla, Carlos Lupi, achava que Dias tinha potencial para ser eleito, e por isso teria solicitado ajuda à Odebrecht, conforme o delator Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental. “Ele me disse: um dos nossos objetivos é eleger um governador. E eu tenho muita chance de eleger um governador, que é o governador do Paraná, o Osmar Dias. Eu preciso de um apoio em caixa 2”, afirma Reis. O valor repassado teria sido de R$ 500 mil, sem declaração oficial.

Osmar Dias arrecadou 29,5 milhões e gastou exatamente o mesmo valor.

Nos registros oficiais, não consta nenhuma doação de empresas do grupo Odebrecht para candidatos do Paraná em 2010 nem em 2014. Entretanto, depoimentos de Marcelo Odebrecht e Benedicto Júnior ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelaram que o Grupo Petrópolis teria sido usado como “laranja” da Odebrecht para repassar R$ 200 mil para o diretório estadual do PSDB para a campanha de Richa de 2010.

Outro lado

Anteriormente, o PSDB do Paraná confirmou que recebeu R$ 160 mil da Leyros de Caxias e R$ 40 mil da Praiamar, pertencentes ao Grupo Petrópolis, “em conformidade com a legislação vigente”.

Sobre as delações de Benedicto Júnior e Valter Lana Júnior, os responsáveis pelo financeiro das campanhas de Richa se manifestaram. Juraci Barbosa Sobrinho, tesoureiro em 2014, disse que “uma investigação mais aprofundada certamente demonstrará que as denúncias são falsas”.

Fernando Ghignone, tesoureiro em 2010, afirma que a denúncia dos delatores da Odebrecht é “inverídica e fantasiosa”.

Osmar Dias afirmou que não participava da arrecadação de recursos para a campanha, mas garantiu que não recebeu verba da Odebrecht, não conhece ninguém da empreiteira e nem pediu doações à empresa.

A senadora Gleisi Hoffmann disse que não tinha informações sobre o teor das delações e que iria se pronunciar quando tiver informações oficiais a respeito.

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