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| Foto: OLI SCARFF/AFP

Apesar de oficialmente a campanha eleitoral começar apenas no dia 16 agosto, os pré-candidatos ao governo do Paraná e ao Senado pelo estado já utilizam suas redes sociais para falar sobre suas propostas, mostrar as viagens e visitas que fazem e também compartilhar momentos cotidianos com a família e os amigos.

A utilização das redes sociais como palanque eleitoral já não é novidade. De acordo com Marcos José Zablonski, professor da PUCPR especialista em opinião pública, as restrições dos meios de comunicação tradicionais de publicidade elevaram as mídias digitais a um novo patamar. “Operações como a Lava Jato colocaram uma lupa sobre os investimentos em campanha. Empresas que querem apoiar campanhas vão ter de fazer tudo com muito mais cuidado e transparência. Neste novo cenário, as plataformas digitais têm um papel significativo”, diz.

Mesmo com todos os escândalos envolvendo o Facebook na eleição do presidente norte-americano Donald Trump, a rede segue sendo a preferida dos futuros candidatos aqui no Paraná. Dos já anunciados, todos possuem suas páginas – algumas atualizadas diariamente, até mais de uma vez ao dia.

“O Facebook virou uma verdadeira arena. Funciona como um púlpito para o público manifestar suas opiniões, mas quem está no poder também se manifesta, e os grupos organizados, de oposição ou não, também”, diz o professor. Para ele, será preciso uma boa equipe de monitoramento nessas eleições para que o Facebook consiga evitar que o que aconteceu nos EUA se repita por aqui.

Também caberá ao eleitor fazer seu papel. Para o professor, os eleitores já estão mais ‘ligados’, mas devem tomar alguns cuidados. “As pessoas participam de dezenas de grupos que compartilham informações o tempo todo. É preciso garimpar também, saber identificar os erros na forma como as coisas são ditas. Com a velocidade da informação, uma mentira pode deixar um rastro de pólvora e até que alguém alerte, ela já se alastrou”, diz.

Para Zanblonski, as equipes de comunicação dos candidatos majoritários também terão de monitorar constantemente o que se diz nestas redes, pois o tempo para tomar atitudes e ‘apagar’ incêndios é muito mais curto.

Pré-candidatos ao governo do Paraná

Em novembro de 2017, a Gazeta do Povo realizou um levantamento para identificar as páginas dos possíveis candidatos da eleição de 2018. Cinco meses depois, voltamos para conferir o que mudou, em termos de números, conteúdos e presença nas redes.

Ratinho Jr. (PSD) é um dos mais ativos nas redes sociais e o pré-candidato com maior número de curtidas no Facebook. De acordo com dados do dia 26 de abril de 2018, o deputado tem 633.850 curtidas, sendo que mais de 115 mil foram conquistadas entre o final de novembro de 2017 e abril deste ano.

Em boa parte das fotos, Ratinho Jr. aparece em meio à população ou a funcionários de empresas e fábricas que visita, com legendas e textos que evidenciam o Paraná, o paranaense e a as ideias que devem guiar suas propostas para o governo. Há também encontros com autoridades políticas que já demonstraram apoio a sua candidatura. E a hashtag #ParanáInovador também não falta.

Ratinho costuma responder aos comentários, críticas e elogios, e os posts que geram maior número de reações são exatamente os que reforçam a imagem do ‘paranaense’.

Osmar Dias (PDT) tem uma postura um pouco mais “tímida” nas redes sociais. Entre novembro do ano passado e abril deste ano, Dias ganhou pouco mais de sete mil novas curtidas no Facebook e atualmente possui 19.114 fãs em sua fanpage. É a rede que o pré-candidato mais utiliza, onde divulga suas viagens pelo estado, as entrevistas que concede à imprensa, reuniões que faz com apoiadores, e, vez ou outra, críticas ao atual governo do estado. Dias tem utilizado os recursos de vídeo também para divulgar seus posicionamentos, como no vídeo abaixo, que teve cerca de 3 mil visualizações e foi compartilhado 68 vezes.

Os posts de Roberto Requião (PMDB) costumam ter um número considerável de compartilhamentos e comentários. O político ainda explora uma possibilidade não muito usada pelos seus adversários: o vídeo ao vivo. Na última segunda (23), uma transmissão do senador teve mais de 30 mil visualizações, passou dos 1.700 compartilhamentos e de 2.500 reações. Requião também divulga seus discursos no plenário do Senado - um hora depois da publicação, o vídeo abaixo já tinha mais de 8 mil visualizações, 531 compartilhamentos e 724 reações -, e as atividades políticas de seu herdeiro, o deputado estadual Requião Filho. A página de Requião no Facebook tem 171.887 curtidas.

Já a atual governadora Cida Borghetti (PP), que deve concorrer à reeleição, também serve o ‘menu completo’. Ali têm espaço a agenda da governadora, os eventos que participa, as viagens pelo interior do Paraná – ou como a governadora reforça, sua gestão municipalista. Com 52.892 curtidas, quase 12 mil a mais que em novembro de 2017, seus posts costumam ter uma média alta de reações, alguns deles com até mais de 10 mil. Na maioria das vezes, os textos vêm acompanhados de fotos, mas Borghetti também têm publicado alguns vídeos com pronunciamentos ou eventos especiais.

Por fim, o pré-candidato pela Rede, Jorge Bernardi mantém um perfil pessoal e uma fanpage no Facebook. A página acompanha Bernardi desde seu último mandato como vereador e de quando foi candidato a vice-prefeito em chapa encabeçada por Requião Filho (PMDB). Vice-reitor da Uninter, Bernardi também divulga os eventos que participa devido a este cargo, além de reuniões e encontros com políticos de diferentes cidades do Paraná, notícias sobre seu partido e seus planos caso seja eleito governador. Muitos dos posts são compartilhados do perfil pessoal de Bernardi para a página, que tem 8.009 curtidas.

Como fazer diferente?

A imagem construída nas redes sociais pode influenciar, sim, na hora da escolha do voto. Para atrair a atenção dos eleitores nas redes é preciso mais do que periodicidade, por exemplo. “Muitos se diferenciam pela bandeira que levantam ou causa que defendem, outros pela maneira de se vestir, o linguajar. Alguns foram se familiarizando com estas novidades e se você olhar a postura de agora e comparar com a de dois anos atrás, a mudança é perceptível”, avalia Zablonski.

Apesar da tecnologia, Zablonski diz que a forma tradicional de se fazer visto também segue forte. Participar de eventos – de órgãos públicos e privados –, visitar prefeitos, circular e se fazer visto. “Ainda que de forma não oficial, muitos já estão se posicionando, fazendo captação de imagens e preparando material para campanha. Ainda temos as formas tradicionais, mas agora há toda a plataforma digital para dar ainda mais visibilidade, com conteúdo colocado a conta-gotas”, finaliza.

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