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Greca durante visita à Câmara Municipal: sem mudanças, pacote de ajustes corre o risco de não passar. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Greca durante visita à Câmara Municipal: sem mudanças, pacote de ajustes corre o risco de não passar.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

É pouco provável que o pacote de ajuste fiscal enviado por Rafael Greca à Câmara de Curitiba seja aprovado exatamente como foi concebido pela prefeitura. Sob pressão do funcionalismo municipal, os vereadores já falam em alterações nos projetos e sobre a necessidade da prefeitura aceitar negociar. Alguns vereadores afirmam que, caso a prefeitura não ceda, o ajuste fiscal corre o risco de não passar.

Ainda não há consenso sobre o que deve ser alterado. Entre os pontos levantados estão a retirada da obrigatoriedade de pagar o Vale Transporte em forma de crédito no cartão transporte e o adiamento escalonado da data-base – permitindo que os servidores que têm salários mais baixos possam receber o reajuste antes. Há parlamentares que cogitam até a possibilidade de se discutir a retirada da suspensão dos planos de carreiras dos servidores, um dos pontos centrais do pacote.

Base de Greca reclama de falta de margem para negociação

Uma queixa comum entre a própria base aliada de Greca é que a prefeitura não estaria dando margem para a negociação. Muitos parlamentares são favoráveis a maior parte dos projetos encaminhados, mas gostariam de sugerir mudanças em alguns aspectos pontuais do pacote, o que não tem sido bem visto pelo Executivo.

WhatsApp é o termômetro da base

Os grupos de WhatsApp são um fenômeno na Câmara Municipal. Cada vereador faz parte de vários grupos que debatem a atuação do Legislativo municipal. Há grupos criados pelos sindicatos com o objetivo de pressionar os parlamentares e há também grupos criados pelos próprios vereadores – uma espécie de plenário informal.

No grupo oficial dos vereadores, a discussão da noite desta segunda-feira (10) foi sobre o entrevero entre servidores e o prefeito Rafael Greca em uma audiência pública realizada na Cidade Industrial de Curitiba. Após a divulgação do vídeo no WhatsApp, alguns parlamentares comentaram com emoticons de carinhas assustadas.

Assim como dos grupos de família no WhatsApp costumam derivar subgrupos, na Câmara há também um grupo menor, chamado “Firmes”. Nele estão os vereadores mais fiéis ao Executivo. Na manhã desta terça-feira (11), o grupo tinha 13 parlamentares – outros quatro estavam prestes a serem adicionados.

“Não vai ter perdão; ou é base ou não é base”, resume um vereador.

O líder do prefeito na Câmara, Pier Petruzziello (PTB), nega essa intransigência.

“Minha função é justamente esta, levar esse diálogo à prefeitura. Todas as ideias dos vereadores estão sendo levadas, a prefeitura está aberta ao diálogo e a Câmara está o tempo todo dialogando”, afirmou.

Para um parlamentar novato, integrante da base do governo, Greca precisa perceber que a Câmara não é subordinada ao Executivo.

“O prefeito acha que essa é a Câmara de 20 anos atrás, mas as coisas mudaram, os vereadores não obedecem a prefeitura como antes.”

Da bancada independente e antigo na Casa, o vereador Felipe Braga Côrtes (PSD) critica a proposta que suspende o plano de carreira do funcionalismo, aprovado na legislatura anterior pela Câmara. “Entendo que é importante fazer adaptações necessárias, mas eu aprovei esse plano e vou manter meu apoio”, disse.

Pressão dos sindicatos

Muitos vereadores estão acusando o golpe da pressão dos sindicatos de servidores. Um parlamentar experiente diz que não se lembra de ter visto pressão tão forte nos últimos anos. O líder do prefeito minimiza. Para ele, boa parte da insatisfação está concentrada nos sindicalistas e não ecoa entre os demais servidores. Segundo Petruzziello, entre os servidores que não atuam no sindicato há a percepção de que as medidas são necessárias para garantir o pagamento de salários.

O vereador Mauro Ignácio (PSB) reconhece a legitimidade da pressão dos servidores, mas afirma que o debate tem que ir além das palavras de ordem.

“Queremos ouvir propostas. Não dá para ficar no lema ‘nenhum direito a menos’. Os servidores querem que retiremos os projetos, mas assumem o risco de ficarem sem os salários? Precisamos encarar essa discussão com olho nos números.”

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