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 | Roberto Jayme/Ascom/TSE
| Foto: Roberto Jayme/Ascom/TSE

O julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi recheado de pérolas espalhadas pelos debates entre ministros. Mais “soltos” que o habitual, eles não economizaram nas trocas de farpas. Confira 10 momentos que marcaram as sessões, desde terça-feira ( 6).

1 - Como assim, investigar caixa 2? É um abuso!

Já era o terceiro dia do julgamento, quinta-feira (8), quando o ministro Admar Gonzaga (recém-escolhido para a vaga pelo presidente Michel Temer) resolveu dizer que seria um abuso processual se o TSE se dedicasse a investigar indícios de caixa 2 no processo de cassação da chapa Dilma-Temer. Segundo ele, a petição do autor da ação, o PSDB, tratava apenas de “doações oficiais”, ou seja, caixa 1. O ministro-relator, Herman Benjamin, respondeu com o óbvio: o tribunal se dedica justamente a julgar doações ilegais, ou seja, caixa 2. “Boa sorte no momento em que Vossa Excelência for apenas analisar caixa 1”, desejou Benjamin a Gonzaga.

2 - Não são só vocês. Todos nós ficamos constrangidos...

Admar Gonzaga acusou o golpe quando foi encurralado por atuar para proteger Temer. A saída foi acusar Benjamin de constranger os colegas. “Não adianta ficar fazendo discurso para a plateia e querendo constranger seus colegas. Isso não vai funcionar. [...] Isso é constrangimento, sim. Vossa excelência está com áurea de relator, constrangendo os colegas, mas não vai conseguir. Tenha respeito pelo meu voto.” Não adiantou.

3 - Deixa de ser preguiçoso. E vai ler o processo.

Em vários momentos, Herman Benjamin destacou que os colegas tinham lido apenas o título da petição feita pelo PSDB que deu origem à ação e não o conteúdo completo. Falou o mesmo sobre os conteúdos dos depoimentos da Odebrecht e do casal de marqueteiros Monica Moura e João Santana. Admar Gonzaga, mais uma vez, se atrapalhou ao tentar levantar uma incoerência de Benjamin, nesta sexta-feira (9), sobre o caso Odebrecht. “Se leu [os depoimentos de Marcelo Odebrecht], então por favor diga onde está a contradição no que estou falando”, questionou Benjamin. Gonzaga não respondeu.

4 - Desculpe-me por ser meio devagar

O ministro Napoleão Maia, chamado nos bastidores de “general” de Temer no julgamento, teve um embate insólito com Herman Benjamin, quinta-feira (8):

Napoleão Maia - “Eu já tenho dificuldade de falar...”

Herman Benjamin - “Percebe-se...”

Napoleão Maia - “...o meu raciocínio é lento, emperrado, tortuoso e raso, porque eu sou retraído e sou tímido. E quando eu sou interrompido, eu perco o fio da meada, eu não sei mais o que que eu tava falando”

5 – “Eu não costumo ver saldo bancário”

Admar Gonzaga (de novo ele) construiu um raciocínio baseado na vivência pessoal (nada modesto) para defender que os candidatos não têm conhecimento da origem do dinheiro que abastece suas campanhas. “Estamos operando no campo da possibilidade, da presunção da convicção. Pode ser uma pessoa que, como eu, não costuma conferir dinheiro na conta. Eu não costumo conferir saldo bancário. Uma vez, um dinheiro foi depositado indevidamente, e o gerente do banco foi me explicar. Se não é meu, não é meu.”

6 - Até o prédio do julgamento cheira a algo estranho

O edifício em forma de asas projetado por Oscar Niemeyer que abriga o Tribunal Superior Eleitoral estourou o orçamento para sua construção e teve sua execução questionada pelo Tribunal de Contas da União. A obra foi tocada pela empreiteira OAS, a mesma que terminou e reformou o tríplex que seria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O projeto, feito sem licitação pelo escritório de Niemeyer, deveria ser executado por R$ 89 milhões em 2007, quando foi apresentado. O valor subiu para R$ 120 milhões já no ano seguinte. Foi concluído por R$ 372 milhões em 2011. Com o mobiliário, o gasto estimado foi de R$ 440 milhões em valores de 2011.

7 - O desfecho de um dos julgamentos mais importantes da história do Brasil mobilizou... Um manifestante solitário

Um manifestante solitário faz um protesto em frente ao TSE na manhã desta sexta-feira. “Dilma já tá fora. Agora, é fora Temer. Votei em Marina no primeiro turno. E, infelizmente, em Aécio no segundo. Se arrependimento matasse não estaria crucificado hoje aqui”, diz André Rhouglas, de Ponte Nova (MG). Ele está “acorrentado” na placa que sinaliza o tribunal.

8 - As loucas aventuras de Herman e Gilmar

Herman Benjamin e Gilmar Mendes passaram todo o julgamento trocando farpas. Mas em vários momentos tentaram trocar a tensão pela ternura. “As pessoas não sabem das nossas aventuras”, disse Gilmar, na quinta-feira (8). Ele citou um voo de bimotor que os dois fizeram sobre a cidade de Águas de São Pedro, em São Paulo. Benjamin não deu continuidade à conversa e ninguém soube para o que serviu o tal voo. Mendes chegou a dizer que votaria contra Benjamin com o “coração partido”.

9 - Fala que eu te escuto: “até fita sem perícia vale”

Gilmar Mendes aproveitou um momento de descontração dos ministros para mandar uma “indireta” à Procuradoria Geral da República. Herman Benjamin começou a brincadeira dizendo que Fux fez uma estimativa do tempo que duraria a leitura completa do relatório da ação: 14 horas. Benjamin disse que a estimativa não é confiável porque não foi periciada. “Até fita sem perícia vale”, disse Gilmar Mendes, em referência aos áudios da JBS divulgados pela PGR sem perícia e que complicaram a vida do presidente Michel Temer nas últimas semanas.

10 – No fim, tudo acaba em um inferninho

Em uma discussão sobre as tentativas das defesas de protelar o processo, Herman Benjamin afirmou que os advogados pediram para ouvir motoqueiros, doleiros e seguranças. “Esqueceram de mencionar os donos de inferninhos. Os donos de cabaré”, disse Benjamin. Gilmar Mendes aproveitou a deixa. “Vossa Excelência não tem que fazer a inspeção lá?”, perguntou o presidente. “Não fiz nem foi pedido. Não expandi meus poderes, mas se Vossa Excelência quiser propor...”, respondeu Benjamin.

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