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Deputado Carlos Marun (PMDB-MS) disse que não está descartada a possibilidade de chamar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para depor. | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Deputado Carlos Marun (PMDB-MS) disse que não está descartada a possibilidade de chamar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para depor.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Ainda como parte de sua ofensiva contra o estrago feito pelas revelações da semana passada, líderes governistas anunciaram nessa segunda-feira (22) a coleta de assinaturas para instalar uma CPI mista – com deputados e senadores – para investigar o acordo de delação entre a empresa JBS e o Ministério Público Federal. A intenção do governo era pedir de imediato, no Supremo Tribunal Federal (STF), a anulação do acordo, mas seria acusado de ser precipitado.

Um dos vice-líderes do governo, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) disse que não está descartada a possibilidade de se chamar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para depor. A iniciativa de instalar a CPI é do PMDB e teria o apoio de parte do PP. “Essa JBS gozou de uma benevolência inédita. É preciso investigar isso”, disse Marun.

Os governistas insistem no argumento de que o presidente Michel Temer foi vítima de um “complô” e se seguram no argumento de que o áudio foi violado e que, por isso, não tem validade.

“Foi um complô em três linhas: para se ganhar dinheiro, poder e parar as reformas. Esse áudio está perdendo sua credibilidade”, disse Marun, que anunciou outra ação do governo para tentar sair das cordas e sobreviver a maior crise instalada no governo Temer.

“Vamos chamar os presidentes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é ligado ao governo, e o da Bolsa de Valores de São Paulo para saber quem ganhou ou perdeu dinheiro com essa crise instalada semana passada, e que já está se dissipando”, disse Marun. Há a suspeita que Joesley Batista, dono da JBS, teria ordenado a compra de US$ 1 bilhão nas mesas de câmbio um dia antes de tornada pública a sua delação. O valor da moeda americana subiu com a divulgação da delação.

Os dirigentes da CVM e da Bolsa serão chamados para falar sobre o tema nas comissões de Finanças e Tributação e a de Fiscalização e Controle da Câmara.

Na sua estratégia de mostrar que o governo não parou, a base de apoio de Temer no Congresso deu algumas sinalizações. O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) recuou e anunciou que irá ler seu relatório da reforma trabalhista nesta terça-feira (23) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Após a revelação do escândalo, semana passada, ele havia dito não haver condições para isso.

“Entendemos que uma coisa é a crise no governo, que é grave, outra coisa é fazer as coisas necessárias para o país andarem. Essa reforma é fundamental para o país”, disse Ferraço nesta segunda-feira.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou que a votação da reforma da Previdência deve começar entre 5 e 12 de junho. “A presidência da Câmara dos Deputados não será instrumento para desestabilização do governo. O Brasil já vive uma crise muito profunda para que essa Casa cumpra um papel de desestabilização maior. Nós precisamos organizar, ter todas as nossas energias focadas na agenda econômica”, disse a jornalistas.

O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissatti (CE), disse que o partido não decidirá por enquanto se desembarca ou não do governo e que, por ele, deve aguardar o resultado do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE, previsto para ser retomado semana que vem e sem previsão de término.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a oposição, na Câmara e no Senado, não irá permitir votação de qualquer outro tema que não seja o destino de Michel Temer. “Não há a menor chance de o Congresso continuar seu trabalho regular com essa situação. Tem senador da base falando em conversar com o PT para buscar uma saída consensuada. Isso não existe para nós. A saída é tirar Temer e convocarmos eleições diretas imediatamente”, disse o senador petista.

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