• Carregando...
 | Pedro Serápio/Arquivo Gazeta do Povo
| Foto: Pedro Serápio/Arquivo Gazeta do Povo

Num debate em Nova York, nos Estados Unidos, o juiz Sergio Moro defendeu o fim do foro especial, dizendo que ele deve ser mantido só para o presidente, alertou para retrocessos no combate à corrupção que podem ocorrer nos próximos meses, em alusão às eleições, e defendeu a sua conduta nos julgamentos da Lava Jato.

Sem tocar no nome do ex-presidente Lula, que condenou em janeiro no caso do tríplex, Moro disse ainda nesta sexta-feira (2) que “as pessoas têm ilusões sobre alguns ídolos, mas é hora de verem a verdade”. “Se você for ao processo, vai ver que ninguém está sendo investigado ou julgado por causa de sua opinião política, mas por causa de lavagem de dinheiro, propina, atos criminosos.”

Leia também: Novo chefe da PF toma posse e garante: ‘crime não vencerá’ e ‘Lava Jato continua forte’:

Depois de sua fala, Moro não quis esclarecer se seu comentário sobre ídolos se referia a Lula nem comentar declarações do ex-presidente em entrevista nesta semana à Folha de S. Paulo, quando disse que o juiz deveria ser exonerado. “Não respondo a entrevistas de gente processada”, disse.

Sem mencionar Lula, o juiz também disse ser “fundamental” a regra que determina o cumprimento da pena logo depois de uma condenação em segunda instância, dizendo que uma reversão desse mecanismo seria “trágica”.

Manifestantes

Moro falou ainda em “novo espírito” de combate à corrupção que toma os tribunais brasileiros no rastro da Lava Jato, que comparou com a Operação Mãos Limpas, na Itália, e ao julgamento do escândalo Watergate nos EUA. “O povo não está insatisfeito com a democracia, está insatisfeito com os problemas da democracia”, afirmou ele.

“E um desses problemas é a corrupção generalizada e a impunidade. As pessoas começam a perder a confiança no Estado de Direito, nos políticos, nos juízes e nos procuradores, então começam a perder a confiança na democracia. Por isso precisamos continuar o nosso trabalho.”

Na porta da Americas Society, o think tank que organizou o encontro em Manhattan, um grupo de manifestantes enfrentou uma forte tempestade de chuva e neve para protestar contra o juiz.

Leia também: Fachin inclui Temer em inquérito que investiga corrupção na Secretaria de Aviação Civil

Em inglês, eles gritavam que Moro “vende sentenças” e listavam benefícios de seu cargo no Brasil, como o auxílio-moradia. Um cartaz com um retrato de Lula dizia que o ex-presidente é inocente e outro afirmava que a decisão dele no caso do tríplex “envergonhou o Brasil” – Moro entrou por ali, mas chegou antes do começo do protesto.

Do lado de dentro, um cartaz reproduzia a capa da revista Americas Quarterly em que o juiz aparece vestido como soldado, metralhadora em punho e uma bandeira do Brasil no peito, debaixo de uma manchete que o chama de “caçador da corrupção”.

Questionado durante o debate se no Brasil há uma onda de “criminalização da política” e se a Justiça é seletiva, Moro disse que “não há problemas entre políticos e juízes” e que “alguns políticos estão criminalizando a política porque cometeram crimes e devem ser julgados”.

Ele disse, no entanto, que concorda com a afirmação de que há privilégios para políticos no país e criticou o foro especial. “Talvez isso deveria ser mudado. Seria uma ideia inteligente e talvez manter para o presidente, mas não tenho tanta certeza.”"

“Estamos falando de poder, de política”, disse. “As pessoas lutam por poder e algumas não querem mudar, querem ficar no poder, querem privilégios mesmo que esses privilégios violem a lei.”"

Moro também defendeu “reformas gerais” para combater a corrupção e que uma investigação judicial não é o suficiente para limpar o cenário, mas que isso depende de “um governo amigável”.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]