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| Foto: Hedeson Alves/Arquivo/Gazeta do Povo

“Parabéns, Rocha Loures! Entre com o pé direito!”. Foi com essa saudação de boas-vindas que o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) celebrou, no microfone do plenário, o retorno de Rocha Loures à Câmara, quando este deixou a assessoria de Michel Temer e assumiu seu mandato em 8 de março deste ano. Foi dita às 15h34 daquele dia. E hoje, soa como uma ironia. Em outro trecho, Heráclito, na sua simpática acolhida, anuncia que o colega trocou o Planalto pela planície “para ficar junto a nós e tentar encontrar caminhos para este país.”

Rocha Loures foi um deputado assim: de fácil relação, agradável e discreto. Suplente, quase não teve chance nessa legislatura – teve uma passagem relâmpago na Câmara após assumir a vaga de Osmar Serraglio (PMDB-PR), que tinha assumido o Ministério da Justiça. Mas “subiu na vida” durante a suplência e virou um dos assessores mais próximos do vice-presidente que se tornou presidente da República.

Loures já foi deputado antes. No seu primeiro mandato, entre 2007 e 2010, passou os quatro anos na Câmara. Ele apresentou 262 proposições, dos quais 10 projetos de lei, duas propostas de emendas à Constituição e emitiu 72 pareceres como relator. Ao todo, fez 64 discursos.

E, de novo, a ironia apareceu no caminho de Loures. Naquele período, ele foi contrário ao financiamento público de campanha. O mensalão já tinha estourado. Mas essa ideia ganhou força recentemente no país com o propósito de se evitar os abusos da relação nada republicana entre financiadores de campanha e políticos.

Num discurso, em 2007, explicou as razões: “Sou contra o financiamento público de campanha. Quando informo aos eleitores que isso vai custar 7 reais para cada eleitor, eles imediatamente dizem: ‘isso é um imposto eleitoral. Eu sou contra, deputado. Eu não posso aceitar. E eu, vindo de onde vim, considerando o caminho por que passei, sou contra os aumentos de tributos, sejam eles claros, sejam eles disfarçados”.

Loures foi um dos autores da proposta que previa o fim da reeleição. Ele argumentou que o presidente eleito, já no início de seu mandato, só pensa na reeleição e adota medidas contra o “interesse do povo brasileiro”. O então parlamentar falou à época que há manipulações de interesses e conveniência “fazendo com que o titular do cargo busque cooptar parlamentares de oposição, distribua recursos que nem sempre atendem a interesses públicos e logrem, por todas as maneiras, atingir mero objetivo eleitoreiro”.

A reeleição, como se sabe, continua em vigor e a proposta não avançou.

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