• Carregando...
Apesar do maior número de publicações nas redes sociais, esquerda interagiu menos com seus seguidores. | Jonathan Campos/
Gazeta do Povo
Apesar do maior número de publicações nas redes sociais, esquerda interagiu menos com seus seguidores.| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

A greve geral desta sexta-feira (28) contra as reformas da Previdência e trabalhista dividiu opiniões também na internet. Com mais de 35 milhões de trabalhadores de braços cruzados, a maior greve dos últimos 28 anos no país foi o assunto mais comentado das redes sociais, com a hashtag #BrasilEmGreve sendo o termo mais citado no Twitter em todo o mundo. E, apesar de a grande maioria das publicações ser de apoio às paralisações, as mensagens de maior alcance e engajamento foram exatamente aquelas que criticavam os protestos.

De acordo com dados do Ranking dos Influenciadores Políticos criado pela Gazeta do Povo, os perfis que mais geraram engajamento foram aqueles que se opuseram aos protestos. Das 240 postagens feitas por políticos e influenciadores brasileiros no Facebook registradas entre a quinta-feira (27) e às 17 horas desta sexta, apenas 86 eram contra as manifestações. No entanto, elas repercutiram muito mais, gerando 222.816 compartilhamentos. Já os posts favoráveis ao ato renderam somente 54.016 shares.

Essa diferença ajuda a entender como direita e esquerda construíram a narrativa da greve nas redes sociais. Campeão de republicações, por exemplo, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) destaca a violência com que alguns militantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) atuaram em algumas cidades. Ao publicar um vídeo em que sindicalistas invadem o aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e agridem algumas pessoas, ele obteve mais de 121 mil compartilhamentos e 4,3 milhões de visualizações em apenas 10 horas. “A CUT usando seus métodos ‘democráticos’ no aeroporto Santos Dumont”, escreveu em seu perfil. Somente esta publicação gerou mais envolvimento social do que todas as demais postagens da esquerda combinadas.

O discurso de Bolsonaro é muito parecido com o adotado por outros nomes da direita, como os membros do Movimento Brasil Livre (MBL) Fernando Holiday e Kim Kataguri. Juntos, suas postagens foram compartilhadas mais de 64 mil vezes ao longo do dia e trazem o mesmo tom agressivo contra os grevistas. Holiday, que é vereador de São Paulo pelo DEM, classifica os atos como terrorismo e chama seus de participantes de “pelegos” e “vagabundos”.

Já o prefeito paulistano João Doria (PSDB), o quarto político que mais gerou engajamento segundo o ranking, adotou um tom mais brando. Ao longo da sexta-feira, ele evitou comentar diretamente sobre as paralisações, citando apenas opções de transporte alternativo para contornar a falta de ônibus. Em compensação, um vídeo em que aparece dizendo que “só quem não quer trabalhar é que vai fazer greve” e que as manifestações não são justas rendeu ao tucano 93,5 mil compartilhamentos. Contudo, a publicação foi feita no dia 26 e não entra nas estatísticas apresentadas.

Esquerda teve alcance menor

Para os políticos de esquerda, as publicações nas redes sociais estiveram mais alinhadas às pautas da própria greve e aos números obtidos nas principais cidades do país, com várias fotos e vídeos dos protestos sendo divulgados. Os senadores Gleisi Hoffman e Lindbergh Farias, ambos do PT, somaram 30,9 mil compartilhamentos. Embora tenham sido os influenciadores de esquerda com o maior alcance, eles não conseguiram se equiparar aos números obtidos por Kataguiri em suas postagens, o que evidencia a diferença de engajamento entre os dois públicos.

Outros nomes ligados a movimentos sociais tiveram um alcance ainda menor. O membro da coordenação nacional do MTST, Guilherme Boulos, fez várias postagens ao longo do dia com transmissões ao vivo das manifestações e também com denúncias de supostas tentativas de repressão aos atos em São Paulo. E, apesar do alto volume de conteúdo que ele enviou à sua página no Facebook, suas postagens foram compartilhadas somente 8,6 mil vezes.

Margem de erro

Apesar da diferença considerável no nível de engajamento, eles não são uma real representação do todo. O Ranking dos Influenciadores Políticos leva em conta 50 nomes de projeção nacional, o que exclui entidades sindicais, que atuaram bastante durante a greve geral. Além disso, os números não envolvem também publicações feitas por usuários comuns.

A lista também não contabiliza as publicações feitas em outras redes sociais, como o Twitter, onde as paralisações tiveram muita repercussão. As hashtags #BrasilEmGreve e #GreveGeral passaram boa parte da sexta-feira entre os termos mais comentados do dia. Já no início da noite, foi a vez do #AGreveFracassou surgir entre os assuntos do momento, com 53,7 mil menções.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]