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| Foto: Edilson Rodrigues/Edilson Rodrigues/Agência Senado

Em uma conversa gravada sem querer pelos executivos da J&S Ricardo Saud e Joesley Batista os delatores conversam sobre o plano de usar o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para implicar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na delação negociada com a Procuradoria Geral da República (PGR). A ideia dos delatores é atrair Cardozo para uma conversa sob o pretexto de contratar os serviços advocatícios do ex-ministro, para depois gravá-lo implicando os magistrados da Suprema Corte.

No diálogo, Saud narra a Joesley uma conversa com um homem chamado Marcelo, que provavelmente é o ex-procurador da República Marcelo Miller, que negociou o acordo da J&S após deixar a PGR. “Ele ficou enlouquecido com o Eduardo”, conta Saud a Joesley.

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Ao narrar a conversa com Marcelo, Saud conta: “Inclusive lá nós conversamos, o cara [Cardozo] falou que tem cinco ministros na mão dele. Inclusive muitos conversados e outros não é só palavreado não, é instruir e tal. Ele [Marcelo] falou: ‘cinco ele não tem não, só se eles contam o [Ricardo] Lewandowski até hoje’, ele falou. Eu não sei, ele deu os nomes lá, se contar o Lewandowski pode ser cinco”, diz Saud.

O delator também diz que Cardozo teria intimidade com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e com a presidente do STF, a ministra Carmen Lúcia. Em seguida, Saud começa a contar mais um trecho da conversa com Marcelo.

“Eu contei para ele do escritório, da conta...”, começa.

Joesley interrompe e pergunta: “Que escritório?”.

“Do Marco Aurélio”, responde Saud.

Não fica claro na conversa se trata-se do ministro do STF Marco Aurélio Mello.

A gravação tem ao todo quatro horas de duração. Durante o diálogo, Saud explica como Marcelo Miller, que atuou como braço-direito de Janot no Ministério Público e depois migrou para a carreira privada na advocacia, foi usado para garantir a aproximação com o procurador-geral da República Rodrigo Janot.

Uma das dicas para conquistar a confiança de Janot era “falar a língua dos procuradores” e “chamar todo mundo de ladrão”.

Nesta segunda-feira (4), Janot anunciou a abertura de investigação para apurar indícios de omissão de informações sobre a prática de crimes no processo de negociação do acordo de delação premiada de executivos da JBS.

Janot assinou portaria que instaura procedimento de revisão dos acordos com três dos sete executivos do grupo: Joesley Batista, um dos donos do frigorífico, Ricardo Saud e Francisco de Assis. O problema surgiu, segundo ele, após os delatores da JBS entregarem à Procuradoria-Geral da República (PGR), na semana passada, novas gravações de áudio.

A investigação pode resultar no cancelamento dos benefícios da colaboração premiada firmada, entre outros, por violação das regras da delação.

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