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| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O delegado Wilkison Fabiano Oliveira de Arruda, da Polícia Civil de Laranjeiras do Sul, no Paraná, que estava de plantão na terça-feira (27) quando foram feitos disparos contra dois ônibus da comitiva do ex-presidente Lula, divulgou uma nota nesta quarta-feira (28) onde faz duras críticas à estrutura da Polícia Civil do estado, que ele classifica como sucateada.

A nota rebate a informação de que Wilkison teria sido afastado do caso por conta de uma declaração que teria sido considerada precipitada pela direção da Polícia Civil de que os tiros configurariam tentativa de homicídio.

“Este delegado possui 10 anos de experiência auxiliando os procuradores em investigações no honroso Ministério Público do Trabalho e dois anos na nobre Polícia Civil do Paraná e jamais permitirá interferências políticas, de quem quer que seja, no exercício de suas atribuições, posto que isso sim seria um atentado à ordem jurídica em vigor e à função de delegado de polícia e adotará, se necessário for, as devidas medidas legais e administrativas contra qualquer pessoa que interfira no livre exercício do seu múnus público de defender a tão sofrida sociedade do interior paranaense.”

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O delegado disse que concluiu o óbvio. “Se há disparo de arma de fogo em direção a diversas pessoas em um ônibus, isso será considerado, em um primeiro momento, tentativa de homicídio, aqui e em qualquer lugar do mundo, embora se respeite opiniões diversas, desde que juridicamente fundamentadas.”

A nota assinada por Wilkison então elenca uma série de problemas estruturais da polícia, que ficaram evidentes no caso do ataque. “A demora na chegada de peritos ao local deu-se em razão da extrema precariedade a que está submetido o Instituto de Criminalística do Estado do Paraná, uma vez que o perito foi obrigado a se deslocar de Guarapuava até o local onde estavam os ônibus (aproximadamente 120 km), o que é práxis no Estado do Paraná e poderia ter demorado muito mais, se estivesse atendendo a uma outra ocorrência.”

Ele também fala da falta de pessoal na polícia. “Os quadros da Polícia Civil do Estado do Paraná encontram-se extremamente deficitários”, diz. O delegado compara o efetivo paranaense com seu vizinho ao sul. “O Paraná possui aproximadamente 100 delegados a menos que o estado de Santa Catarina, mesmo possuindo 100 municípios a mais e quase o dobro da população e da extensão territorial, o que obriga os delegados do interior a se submeterem a uma escala ininterrupta de sobreaviso, o que atenta contra a saúde e segurança das autoridades policiais.”

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Wilkinson diz que “embora entenda a relevância do caso do ataque à caravana do ex-presidente, este delegado pensa que todo o cidadão paranaense (e todo brasileiro) merece o mesmo tratamento de priorização, respeito e esforço dado à investigação do citado episódio, mas não haverá, por certo, nenhum reforço permanente de efetivo e diversos inquéritos continuarão paralisados em todo o Estado do Paraná e também nesta subdivisão policial, uma vez que não há concurso para investigadores ou escrivães em aberto, o concurso para delegado está em vias de perder a validade.”

O delegado conclui que “essa desestruturação e sucateamento da Polícia Civil do Estado do Paraná é fruto de, no mínimo, 20 anos de investimentos insuficientes e/ou inexistentes e contratações meramente pontuais, que praticamente repõem aposentadorias e exonerações de servidores.”

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Wilkison “manifesta o seu profundo respeito e admiração” pelo delegado Hélder Andrade Lauria na condução do inquérito que apura o ataque à caravana de Lula. No final ele diz que “não se submete e nem cede a pressões de qualquer natureza, mas ressalta que não recebeu nenhuma ligação de qualquer membro do Governo do Estado do Paraná; sobre o caso em questão”.

Inquérito

A Polícia Civil de Laranjeiras do Sul, no Paraná, abriu um inquérito policial para apurar as circunstâncias dos disparos de arma de fogo feitos contra dois ônibus que integravam a caravana do ex-presidente Lula. A Secretaria de Segurança paranaense também enviou duas equipes do COPE (Centro de Operações Policiais Especiais), unidade de elite da Polícia Civil do Paraná, para a cidade para ajudar nas investigações. Até agora nenhuma pista sobre os autores dos disparos foi divulgada pelos policiais.

Segundo a Secretaria de Segurança, o Instituto de Criminalística do Paraná está finalizando o laudo de perícia no ônibus e o documento deve ficar pronto nos próximos dias. Não foi apontada uma data para a entrega do laudo.

O ex-presidente Lula tem a prerrogativa de pedir aos estados um esquema de segurança especial, mas, segundo o governo paranaense, não houve solicitação nesse sentido.

Após o atentado, a Polícia Militar do Paraná reforçou o policiamento em todos os locais indicados pelos representantes da caravana, onde seriam realizadas as manifestações com a presença do ex-presidente Lula.

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