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Relator da reforma da Previdência na Câmara, Arthur Maia (PPS-BA) só quitou os passivos de sua empresa depois que a dívida foi revelada pela imprensa, em março. | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Relator da reforma da Previdência na Câmara, Arthur Maia (PPS-BA) só quitou os passivos de sua empresa depois que a dívida foi revelada pela imprensa, em março.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Pelo menos dois dos 36 deputados membros titulares da comissão especial que analisa a reforma da Previdência na Câmara são donos ou sócios de empresas que possuem dívidas com o INSS ou FGTS inscritas na Dívida Ativa da União. É o que aponta levantamento do jornal “O Estado de S. Paulo” com base em dados disponíveis no site da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).

A Dívida Ativa é composta por todos os débitos com a União, de natureza tributária ou não, que não foram quitados por empresas ou pessoas físicas após o fim do prazo fixado para pagamento. A lista não traz débitos que estão suspensos por decisão judicial ou que são alvo de ação para discutir a natureza da obrigação ou valor, mas inclui contribuintes que aderiram a programas de refinanciamento de dívidas, como o Refis. A Fazenda não informa detalhes das dívidas listadas.

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Além das dívidas trabalhistas, outros problemas põem na berlinda as comissões que avaliam as reformas propostas pelo governo Temer. A Gazeta do Povo mostrou na quinta-feira (13) que, dos 42 deputados investigados por suposta participação no esquema da Odebrecht, 15 estão nas comissões das reformas trabalhista, política e previdenciária.

Uma das integrantes da comissão que possui empresa inscrita na Dívida Ativa é a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que é da oposição e se posiciona contra a reforma da Previdência. A Feghali Culinária Árabe Ltda, companhia da parlamentar localizada na capital fluminense, tem duas dívidas previdenciárias que somam R$ 57.079,20.

Por meio de sua assessoria, Jandira afirmou que, desde fevereiro de 2015, passou a administração do restaurante para outra pessoa, que fez acordo para “herdar” as dívidas trabalhistas. A deputada não quis dar detalhes sobre as dívidas. “A dívida é relacionada aos processos trabalhistas que foram assumidos pelo herdeiro do passivo desde fevereiro de 2015”, limitou-se a explicar, em nota.

Também integrante da comissão, o deputado Giuseppe Vecci (PSDB-GO) é dono de empresa com dívida com o FGTS. De acordo com a PGFN, o Centro Tecnológico Cambury Ltda, companhia localizada em Goiânia da qual o tucano é sócio, deve R$ 17.729,74 ao fundo de garantia. Procurado, o deputado não quis se pronunciar. No Placar da Previdência feito pelo “Estadão”, ele se declara como “indeciso” sobre como votará.

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O relator da reforma da Previdência na comissão, o deputado Arthur Maia (PPS-BA) é sócio de uma empresa no interior da Bahia que tinha cinco dívidas previdenciárias inscritas na Dívida Ativa e que somavam R$ 151.986,22. Segundo ele, as dívidas da Lapa Distribuidora de Combustíveis estavam sendo parceladas. Após a divulgação do fato pela imprensa, em março, o relator quitou os passivos e o nome da empresa saiu da lista de devedores.

Maia prometeu apresentar seu parecer sobre a reforma da Previdência na próxima terça-feira (18). O presidente da comissão, Carlos Marun (PMDB-MS), prevê que a votação do relatório será realizada entre 25 e 28 de abril. Do colegiado, a matéria irá para o plenário da Casa. Por se tratar de uma emenda à Constituição, a proposta precisa ser aprovada em dois turnos, com votos de pelo menos 308 deputados. Da Câmara, a PEC seguirá para análise dos senadores.

No Senado, a empresa da qual o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), é sócio deve ao menos R$ 8,478 milhões ao INSS. O total é referente a três débitos diferentes. A companhia afirmou, em nota, que as dívidas ainda são objetos de contestações judiciais e que nenhuma dessas ações transitou em julgado.

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