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| Foto: Murilo Silva/Capol/CreativeCommons

O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência da República, criticou a política de segurança pública do governo do estado de São Paulo, durante o 2º Encontro Folha de Jornalismo, nesta terça-feira (20). “O PCC, a sede é São Paulo, e tudo indica que aqui fizeram acordo com autoridades locais há mais de uma década”, afirmou, referindo-se à facção criminosa conhecida como Primeiro Comando da Capital.

Ele acusou também o estado de manipular estatísticas de homicídios, calculando-as em desacordo com padrões adotados por outros estados e recomendados por organismos internacionais. “Aqui se fraudam indicadores de homicídios”, disse Ciro, sem oferecer detalhes. “São Paulo não cumpre a metodologia determinada pela Justiça para apurar crimes letais contra a vida.”

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Chacinas com múltiplas vítimas, por exemplo, são contabilizadas como um único caso de homicídio nas estatísticas de São Paulo, o que dificulta comparações com os números de outros estados. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que administra o estado desde 2011 e está no seu terceiro mandato, deverá ser o candidato dos tucanos nas eleições presidenciais deste ano.

“Figura enojante”

Ciro classificou como “politiqueira” a decisão do presidente Michel Temer de intervir na segurança pública do Rio e afirmou que a intervenção foi mal planejada e está destinada a ser um “desastre”. “O Temer, diga-se a bem da verdade, é uma figura enojante. Porém, é um lutador. Eu fico zangado quando vejo o Temer esperneando e lutando, e lembro que a Dilma deixou o país cair na mão dessa gente sem espernear e lutar”, disse.

Ele afirmou que, se for eleito, vai propor um debate sobre a descriminalização do consumo de drogas e outras alternativas para combater a violência nas grandes cidades, mas evitou se comprometer com propostas. “Católicos e evangélicos são avessos à descriminalização das drogas e precisamos trazê-los para o nosso lado no debate”, disse.

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Ciro voltou a criticar a insistência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em lutar por sua candidatura presidencial na Justiça, mesmo depois de ser condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. “A condenação pode ser injusta, mas não se pode dizer que seja arbitrária”, disse. “Querer, com chicanas e incidentes processuais, deixar a nação refém de sua estratégia não está à altura da sua biografia.”

Questionado sobre uma aliança com o PT em outubro, ele afirmou que “a natureza do PT, assim como a do escorpião, é sempre afundar sozinho, o que provavelmente vai fazer de novo”, afirma Ciro. “Pensando no país, [o PT] teria que fazer diferente, mas é problema deles”.

Ciro afirmou que os eleitores estão procurando alternativas aos partidos políticos tradicionais, “com muito ceticismo”, mas encerrou sua participação no evento em tom confiante. “Acho que você está falando com o futuro presidente do Brasil.”

Outro lado

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo posicionou-se, em nota, sobre as declarações de Ciro:

Os indicadores criminais da SSP são compilados há mais 20 anos, divulgados de modo transparente e usados rotineiramente pela imprensa e institutos de pesquisa, como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que anualmente produz em parceria com o Ministério da Justiça o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. São Paulo é o único estado da federação a divulgar mensalmente os dados sobre a criminalidade, incluindo os dois indicadores distintos de casos e de vítimas de homicídio, diferentemente da afirmação citada. Desde 2001, o número de homicídios no Estado caiu 78%. Atualmente, são 7,54 casos por 100 mil (8,02 vítimas por cem mil habitantes), resultado inferior à média nacional.

Também são descabidas as afirmações acerca de facções criminosas. São Paulo é o Estado que mais investe em Segurança Pública no país e o trabalho de combate ao crime organizado é feito diariamente pelas polícias Civil e Militar. Só nos últimos dois anos, mais de 60 mil pessoas diretamente envolvidas com tráfico de drogas e o crime organizado foram presas no Estado. Ações de inteligência em parceria com o Ministério Público e a SAP também contribuíram para a desarticulação de facções criminosas.

Outros fatores demonstram que as afirmações são equivocadas. A redução dos homicídios em São Paulo ocorreu de modo amplo em todo o estado, em cidades de grande, médio e pequeno porte, e em todas as faixas etárias e classes sociais. Diversos estudos, inclusive acadêmicos, demonstram a relação entre a redução dos homicídios e a efetividade das ações policiais, em conjunto com os investimentos do Governo em segurança, saúde e educação.

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