• Carregando...
 | Ricardo Stuckert/Fotos Públicas
| Foto: Ricardo Stuckert/Fotos Públicas

Ameaçada de ser interrompida no meio, a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela Região Sul do Brasil poderá chegar ao seu final, conforme planejado. Havia o risco de o petista ser preso já na próxima semana em meio às andanças pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Mas uma decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), concedida nesta quinta-feira (22), afastou esta hipótese – a Corte decidiu que Lula não pode ser preso até o julgamento final do pedido de habeas corpus preventivo, que em princípio está marcado para o dia 4 de abril.

A caravana teve início na segunda-feira (19) no município de Bagé (RS) e deve terminar no dia 28 de março, com um ato público em Curitiba (PR). Até lá, o ex-presidente terá passado por 19 cidades sulistas. Nesta quinta, Lula visou mais três cidades gaúchas: São Miguel das Missões, Cruz Alta e Palmeira das Missões.

‘Cambada’

Em São Miguel das Missões, Lula assistiu a uma cerimônia em que remanescentes de tribos indígenas colonizadas por jesuítas cantaram. O ex-presidente também conversou com crianças indígenas e posou para fotos com elas. Ele recebeu um crucifixo produzido à mão que, de pronto, colocou no pescoço. Ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff e do ex-governador Olívio Dutra, distribuiu selfies, posou para fotos e ouviu de um guia a história das ruínas do sítio arqueológico.

Era possível ouvir gritos e palavras de ordem de manifestantes que protestavam contra a passagem do petista do lado de fora das ruínas. O grupo levou tratores e máquinas agrícolas para o entorno do sítio histórico. O prefeito da cidade, Hilário Casarin (PP), que estava ao lado dos críticos ao ex-presidente, assumiu o microfone para protestar contra o que chamou de ato político de uma cambada, referindo-se aos militantes petistas. Lula está enfrentando atos de repúdio durante sua caravana pela região, que começou na segunda-feira (19).

Antes de subir no ônibus para deixar São Miguel das Missões, o ex-presidente foi abraçado por um apoiador que chorou em seu ombro. “Nada de desanimar”, disse Lula ao simpatizante. No caminho para a cidade de Cruz Alta, segunda parada da comitiva nesta quinta, manifestantes jogaram ovo nos três ônibus da caravana.

Ruralistas se voltaram contra o ex-presidente depois de ele ter falado em Santa Maria, na terça (20), que fazendeiros, quando obtêm financiamento para compra de maquinários, “não só são mal-agradecidos como passam a vida falando mal do PT”.

Ele disse ainda que fazendeiros têm dois prazeres na vida: “Quando recebem o dinheiro e quando dão calote”. “Se eles tratassem os empregados como tratam os cavalos, os empregados estariam muito bem de vida”, afirmou Lula. E acrescentou: “Estou cansado de ver cavalo comendo maçã”.

Leia também: Liminar do STF – PT comemora com moderação e oposição se irrita com liminar pró-Lula

À noite, em Palmeira das Missões, Lula voltou a alegar inocência e perseguição política. “Eu quero voltar e não estou acima da lei. Quero apenas justiça. A história vai contar, vou durar bastante e vou provar minha inocência. Eu sou vítima de uma mentira”, afirmou.

A caravana de Lula pelo Rio Grande do Sul termina na noite desta sexta-feira (23), com um ato em São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre.

Nas ruínas de São Miguel das Missões, Lula recebeu um crucifixo produzido à mão pelos índios e colocou no pescoço.Foto: Ricardo Stuckert/Fotos Públicas

Segurança

Após a série de enfrentamentos entre detratores e apoiadores, o ex-presidente chegou a se reunir na noite de terça-feira (19) com dirigentes petistas e coordenadores da caravana para reavaliar sua agenda e discutir medidas adicionais de segurança.

Na Universidade Federal de Santa Maria, opositores de Lula – um deles com um chicote – entraram em confronto com estudantes e integrantes do MST (Movimento Sem Terra). Munidos de pedaços de paus, participantes trocaram socos e pontapés. Eles acabaram contidos por outras pessoas.

Sob a orientação de Lula, petistas procuraram o ministro da Segurança, Raul Jungmann, o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (MDB), a Polícia Rodoviária Federal e a Secretaria de Segurança do Estado para relatar os conflitos. “A caravana foi pensada para um ambiente sereno”, disse o ex-ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), pré-candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul.

Leia também: Dilma não é citada em exposição da Câmara sobre mulheres na política

“A caravana pacífica e democrática do ex-presidente Lula está sendo ameaçada e agredida por milícias profissionais formadas pela direita e extrema-direita aqui no Rio Grande do Sul”, afirmou a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR).

A Região Sul, escolhida para a quarta etapa da caravana, é onde o ex-presidente tem menos apoio. Segundo pesquisa Datafolha de janeiro, 23% dos eleitores da região manifestaram intenção de votar no petista, contra 41% no Norte e 56% no Nordeste, por exemplo.

A pesquisa Datafolha foi realizada nos dias 29 e 30 de janeiro, após o julgamento no TRF-4, que ocorreu no dia 24. O Datafolha ouviu 2.826 eleitores em 174 municípios. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais para mais ou menos. E tem um nível de confiança de 95%, o que significa que, se a pesquisa for repetida 100 vezes, em 95 os resultados vão estar dentro da margem e erro. O levantamento, encomendado pelo jornal Folha de S.Paulo, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR 05351/2018.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]