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| Foto: Aniel Nascimento/Gazeta do Povo

O general do Exército Antônio Hamilton de Mourão, que causou irritação no governo Temer ao sugerir uma intervenção militar no Brasil para resolver a crise política, encerrou nesta quarta-feira (28) sua trajetória nas Forças Armadas. Uma cerimônia em Brasília oficializou sua aposentadoria – ou como se diz no jargão militar, a ida para a reserva –, após 49 anos de serviços prestados, em pedido entregue pelo próprio militar no início de fevereiro deste ano. A despedida veio acompanhada de lágrimas e novas declarações polêmicas.

Em entrevista à imprensa, Mourão fez críticas à intervenção no Rio de Janeiro e à classe política. Sobrou até para o interventor e companheiro de caserna, chamado de ‘cachorro acuado’. “O general Braga Netto não tem poder político, é um cachorro acuado e não vai conseguir resolver dessa forma. É uma intervenção meia-sola”, disse o militar. Para ele, todos, inclusive o governador do estado Luiz Fernando Pezão (PMDB), deveriam ser afastados. “Se é intervenção, é intervenção. Já que há o desgaste, vamos nos desgastar por inteiro.”

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Questionado se achava que a intervenção não daria certo, respondeu: “poderemos até reorganizar a segurança pública, que é a tarefa principal. O Rio de Janeiro é o estado do crime organizado. Tem o colarinho branco e o ladrão de celular, e os dois níveis estão representados”.

O general Mourão disse ainda que não será candidato a cargo eleitoral, apenas à presidência do Clube Militar. No entanto, prometeu ajuda ao deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que é pré-candidato ao Planalto, em ações de planejamento. “Se tiver que subir no palanque, eu subo”, prometeu.

Mourão justificou que não pretende se candidatar, alegando que o ‘quadro político-partidário é fragmentado’. “Não sou melhor do que ninguém, mas falta substância aos partidos. O único capital que tenho é o moral. E a estrutura hoje mostra a fragilidade do regime que vivemos”.

Ele prosseguiu dizendo que a moral e a virtude foram “enxovalhadas”. “As pessoas entram na política não para servir, mas para se servir. Esse é o recado. Se não mudar, esse país não tem futuro.”

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Para o general Mourão, a mudança tem de vir pelo voto da população que precisa saber escolher os seus representantes. Ele disse também que o “Judiciário precisa fazer o papel dele e expurgar da vida pública pessoas que não têm condições de dela participar”, acrescentando que esse entendimento inclui também o presidente Michel Temer. “Inclui o presidente da República, sim”, disse ao ser questionado.

No seu discurso de despedida, no qual foi às lágrimas, o general Mourão chamou de “herói” o coronel Carlos Brilhante Ustra (1932-2015), ex-chefe do DOI-CODI entre 1970 e 1974, um dos principais órgãos da repressão durante a ditadura militar e acusado de inúmeros crimes pela Comissão Nacional da Verdade. Após a solenidade, indagado sobre a menção a Ustra, reconhecido pela Justiça brasileira como torturador, Mourão disse que ele foi seu comandante, “combateu o terrorismo e a guerrilha, por isso ele é um herói”.

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