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Curso para os novatos na política vai até julho. | Felipe  Panfili/Divulgação
Curso para os novatos na política vai até julho.| Foto: Felipe Panfili/Divulgação

Alunos homens (74%), brancos (62%) e jovens (a idade média é de 35 anos) predominam entre os cem bolsistas que frequentam, desde o mês passado, as aulas da escola para novos políticos do movimento RenovaBR. O projeto é patrocinado, entre outros, pelo apresentador de TV Luciano Huck. Em comum entre eles, o desejo de fazer a diferença e combater a corrupção. Anseios que atraíram alunos com os mais diversos perfis, como um funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal, um coronel da Polícia Militar e até um ex-atleta olímpico.

O ex-nadador e comentarista esportivo Luiz Lima, por exemplo, ajuda a dar sentido ao caldeirão de origens tão diferentes. “São pessoas que se preocupam muito com o país e que se colocaram à disposição para tentar melhorar nossa realidade”, diagnostica o bolsista. Apesar de novato na disputa eleitoral, ele já atuou na vida pública em cargos de nomeação.

Entre 2016 e 2017, Lima foi secretário nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte. Ele diz ter saído por conta de divergências com relação à política do ministério, mas não se diz frustrado em relação à experiência. “Eu fiquei muito feliz porque, no período em que eu estive na secretaria, conseguimos frear muitas pessoas mal intencionadas. Pude contar com gente muito competente para trabalhar comigo, o que me fez perceber que é o nosso sistema político que complica tudo”, afirma.

Filiado ao PSD (Partido Social Democrático), Lima pretende se candidatar a deputado federal pelo Rio de Janeiro. Como um de seus maiores objetivos, elenca projetar o estado como um bom exemplo no país. “Atualmente estamos muito mal representados, o que mostra que é preciso oxigenar a política. Minha maior missão será administrar bem os recursos públicos e combater a corrupção” , afirma.

Desejo de protagonismo

Posicionamento semelhante tem Maurílio Braz, funcionário da Caixa há 17 anos. “Durante muito tempo eu pensava que me dedicar somente à minha carreira e à minha família era suficiente. Deixei, como muitos brasileiros, a política para os políticos. É por isso que estamos na situação atual”, analisa.

Também pré-candidato a deputado federal, ele defende a possibilidade, que não é prevista atualmente pela legislação eleitoral brasileira, de se lançar de forma independente às eleições, sem associação a partidos políticos.

Como não há essa opção, pelo menos em 2018, Braz ainda está definindo por qual legenda deve concorrer. Com passagens pelo alto escalão da Caixa, ele também tem como principal bandeira a eficiência na gestão pública. “Se eu for eleito deputado, não vou ficar correndo atrás de emendas ou aceitando cargos no Executivo. Não há como fiscalizar o governo de forma eficiente se houver uma dependência em relação a ele”, diz.

Questionado sobre a viabilidade de manter um mandato dessa forma, Braz afirma que a realidade política brasileira é fruto de anos de omissão por parte dos eleitores – e que não é de uma hora para outra que a situação poderá ser transformada. “Eu desejo inspirar outras pessoas para que acreditem que é possível mudar a política de forma efetiva. A solução não é sair do Brasil, mas ficar aqui e acreditar na possibilidade de mudança”, afirma.

Espírito de batalha

Com propostas mais focadas em sua área de atuação, outro participante do curso, o coronel Bianchini, deseja concretizar a experiência de 31 anos como policial militar em mudanças na política de segurança pública. Com 52 anos de idade, ele está bem acima da idade média dos participantes do curso do RenovaBR – e considera que a vivência pode ser sua maior contribuição para a política.

“A segurança é um dos grandes desafios do país e, para enfrentá-lo, é preciso fazer mudanças legislativas”, afirma. Ele critica, por exemplo, o modelo das penitenciárias brasileiras, propondo o estabelecimento de parcerias com a iniciativa privada para que a prisão seja uma etapa de ressocialização dos criminosos. Defende, ainda, que é preciso haver uma reestruturação das polícias, já que hoje o trabalho é dividido entre as corporações, dificultando algumas investigações.

Atualmente filiado ao Podemos, Bianchini pretende mudar de legenda para concorrer a uma vaga no Legislativo. “O curso do RenovaBR tem sido muito importante para que a gente possa ter melhores condições para disputar as eleições. Concorrer a um cargo público é uma batalha”, afirma.

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