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| Foto: IGO ESTRELA/ESTADÃO CONTEÚDO

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) foi tema nesta semana de uma série de reportagens do jornal Folha de S. Paulo que levantam suspeitas sobre sua evolução patrimonial e seus gastos de gabinete na Câmara dos Deputados.

Os casos se desdobram em três frentes: aquisições de imóveis por Bolsonaro e sua família ao longo das últimas três décadas, uso do auxílio-moradia e a contratação de uma funcionária pela Câmara que na verdade seria dona de uma venda de açaí no litoral do Rio de Janeiro.

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Bolsonaro, inicialmente, deu respostas esparsas sobre os casos. Nesta quinta-feira (11), cinco dias após a primeira matéria publicada pela Folha sobre seus imóveis, ele concedeu uma longa entrevista sobre os episódios. No eixo das explicações, atacou a Folha, dizendo que foi alvo de “uma bomba de merda” e acusando o veículo de ser reprodutor de “fake news” (notícias falsas).

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Veja abaixo os três principais temas abordados nas reportagens e o que o presidenciável falou sobre elas:

Patrimônio após entrada na política começou com uma Fiat Panorama e chegou a R$ 15 milhões

Levantamento da Folha de S. Paulo mostrou que Bolsonaro e seus três filhos que exercem mandato parlamentar acumularam, no decorrer das últimas três décadas, R$ 15 milhões em imóveis. Os bens também incluem carros que vão de R$ 45 mil a R$ 105 mil, um jet-ski, além de aplicações financeiras, no total de R$ 1 milhão.

Ao entrar na política, em 1988, Bolsonaro declarou ter apenas um Fiat Panorama, uma moto e dois lotes no município de Resende, no Sul do Rio de Janeiro. Em apenas dois anos, Flávio Bolsonaro, que é deputado estadual no Rio de Janeiro, declarou ter dobrado seus bens, chegando a R$ 1,45 milhão. Todas as informações, segundo o jornal, foram levantadas a partir de declarações de Bolsonaro e filhos à Justiça Eleitoral, além de registros em cartório.

As apurações apontam que a transação envolvendo a compra da casa em que Bolsonaro vive, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, tem indícios de lavagem de dinheiro, segundo critérios do Conselho de Controle das Atividades Financeiras e do Conselho Federal dos Corretores de Imóveis (Cofeci). A casa foi adquirida por R$ 580 mil em 2008 e revendida para a família Bolsonaro por 31% quatro meses depois. O valor real dos imóveis da família representa o triplo do que os Bolsonaro declararam à Justiça.

Bolsonaro diz que é injusto somar patrimônio ao dos filhos

Inicialmente, Bolsonaro e os três filhos citados na reportagem responderam aos dados da reportagem pelas redes sociais. O presidenciável escreveu em sua conta no Twitter, segunda-feira (8) que o “Brasil vive a maior campanha de assassinado de reputação de sua história recente”, mas não entrou em questões pontuais.

Vereador no Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), escreveu, também no Twitter, que gostaria de “ver a mídia fazendo levantamento de bens no mesmo estilo com outros presidenciáveis, e nem somar com patrimônio de filhos, cachorro, papagaio para induzir e prejudicá-lo”. Já o deputado federal Flávio Bolsonaro (PSC-RJ) relembrou que o procurador-geral da República arquivou denúncia sobre a aquisição de casas contra o pai, em 2015.

Na entrevista desta quinta-feira (11), Bolsonaro questionou a metodologia utilizada pela Folha nas reportagens, de agregar o patrimônio familiar. “Você vai pegar da minha mãe daqui a pouco. Meu pai já morreu. [...] Tem que pegar o meu. Esquece meus filhos. Se o meu filho assaltar um banco agora ou ganhar na Mega Sena, o problema é dele, não é meu.

Família tem apartamento em Brasília, mas Bolsonaro e filho ficam com R$ 6 mil de auxílio-moradia ao mês

Outra reportagem da Folha mostra que, apesar, de possuírem imóvel próprio em Brasília, Bolsonaro e seu filho, Eduardo Bolsonaro, recebem cada um cerca de R$ 3 mil líquidos de auxílio-moradia da Câmara dos Deputados.

Bolsonaro tem um imóvel de 60 metros quadrados na capital federal desde 2000, mas recebe o auxílio ininterruptamente desde 1995. Eduardo ganha o auxílio desde 1995. Na soma total, pai e filho ganharam R$ 730 mil de auxílio até dezembro de 2017.

Não há ilegalidade na prática. Na reportagem, a Folha detalha que o auxílio-moradia é pago a deputados que não ocupam apartamentos funcionais em Brasília. Como há mais deputados do que vagas em imóveis destinados a eles, a Câmara desembolsa para cada um desses, por mês, R$ 4.253.

Há duas formas de pagamento: reembolso, para quem apresenta recibo de aluguel ou de gasto com hotel em Brasília; ou dinheiro em espécie, sem necessidade de apresentação de qualquer recibo, mas nesse caso com desconto de 27,5% relativo a Imposto de Renda. Jair e Eduardo Bolsonaro utilizam essa segunda opção, o que rende mensalmente, para cada um, R$3.083.

Bolsonaro promete vender apartamento e que usava auxílio para “comer gente”

Bolsonaro publicou um vídeo no Facebook na quarta-feira (10/1) anunciando que iria vender o apartamento que possui em Brasília para acabar com a polêmica sobre a discussão. E repetiu a possibilidade em entrevista à Folha nesta quinta-feira (11/1).

“O que eu devo fazer? Chegando lá em janeiro, acabando o recesso [parlamentar], vou pedir o apartamento funcional, inclusive tem mais ou menos 60 metros quadrados o meu apartamento, vou passar para um de 200 metros quadrados, espero que pegue com hidromassagem, ok? Eu vou morar numa mansão, não vou pagar segurança, não vou pagar IPTU, no meu eu pago, não vou pagar condomínio, no meu eu pago, eu vou ter paz”, declarou.

Questionado sobre a hipótese de ter usado o dinheiro que ganhou de auxílio-moradia para comprar o apartamento, Bolsonaro deu outra explicação para o que fez com o recurso. “Como eu estava solteiro naquela época, esse dinheiro de auxílio-moradia eu usava pra comer gente, tá satisfeita agora ou não? Você tá satisfeita agora?”

Funcionária de Bolsonaro seria, na verdade, vendedora de Açaí

Outra reportagem da Folha, desta quinta-feira (11/1), traz a informação de que Bolsonaro usa verba da Câmara dos Deputados para empregar uma vizinha dele que vende açaí em um distrito a 50 quilômetros do centro de Angra Dos Reis (RJ). A servidora tem um comércio na mesma rua onde fica a casa de veraneio do deputado, na pequena Vila Histórica de Mambucaba.

Segundo apuração da Folha, Wal, como é conhecida, também presta serviços particulares na casa de Bolsonaro, mas tem como principal atividade um comércio, chamado “Wal Açaí”. Walderice Santos da Conceição, 49 anos, figura desde 2003 como uma dos 14 funcionários do gabinete parlamentar de Bolsonaro, em Brasília, recebendo atualmente salário bruto de R$ 1.351,46. Segundo moradores da região, o marido dela, Edenilson, presta serviços de caseiro para Bolsonaro.

Ela faz o que qualquer funcionário faz, segundo Bolsonaro

Na entrevista de quinta-feira (11/1), Bolsonaro acusou a Folha de “forçar a barra” sobre o papel exercido por Walderice. “Ela faz o que qualquer comissionado faz. Qualquer problema da região ela entra em contato com o chefe de gabinete, tenho 15 funcionários no Estado do Rio de Janeiro”, declarou.

O principal papel dela seria detectar carências da prefeitura, “para que um parlamentar possa apresentar uma emenda para cá”. Segundo ele, ela não tem “nada a ver” com a administração de sua casa na cidade. “Ela lê jornais, acompanha o que acontece, faz contato comigo, não tem nada a ver com a casa.”

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