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 | Huck: acervo pessoal /FHC: Yasuyoshi Chiba (AFP)
| Foto: Huck: acervo pessoal /FHC: Yasuyoshi Chiba (AFP)

Embora negue o desejo de se candidatar à Presidência da República, o apresentador de televisão Luciano Huck (sem partido) tem hoje um grande cabo eleitoral e incentivador para que ingresse na vida pública: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Há quase um ano, FHC foi o primeiro nome de peso da política nacional a referendar uma possível candidatura de Huck. Nos últimos tempos, o tucano insistentemente tem tratado o apresentador como um nome viável para ocupar a cadeira de presidente. Mas por que o ex-presidente faz isso se o PSDB já tem um pré-candidato declarado, o governador paulista Geraldo Alckmin?

“As declarações reiteradas de Fernando Henrique sobre o Luciano Huck demonstram uma insegurança dentro do PSDB em relação às possibilidades eleitorais do Alckmin, que não consegue decolar nas pesquisas”, diz o cientista político Fernando Antonio Azevedo, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no estado de São Paulo.

Azevedo avalia que FHC vê em Huck um nome alternativo para ser o candidato de centro se nenhum político tradicional desse espectro político conseguir se viabilizar eleitoralmente. Atualmente, além do próprio Alckmin, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), estão tentando ocupar esse espaço.

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O que diz o Datafolha sobre os candidatos de centro

Até agora, nenhum dos três vem obtendo bons resultados nas pesquisas de intenção de voto. No último Datafolha, divulgado no fim de janeiro, Alckmin obteve de 6% a 11%, dependendo do cenário avaliado. Meirelles teve 1% e 2%. Maia, 1%. Huck ficou com porcentuais de 5% a 8%.

Apesar de Huck estar num patamar equivalente ao de Alckmin, dentro do PSDB há quem acredite que o apresentador de televisão tem muito mais potencial de crescer do que o governador paulista para disputar a eleição com os dois líderes das pesquisas atualmente: o ex-presidente Lula (PT), que no Datafolha teve entre 34% e 37%; e o deputado Jair Bolsonaro (PSC), com intenções de voto entre 15% e 20%.

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Apesar do apoio de FHC, dificilmente Huck seria candidato pelo PSDB

O cientista político Fernando Antonio Azevedo acredita que há um segundo fator que explica o incentivo de FHC a uma candidatura de Huck: Alckmin nunca foi próximo do ex-presidente dentro do partido. Além disso, Fernando Henrique não escondem que são amigos.

Azevedo, contudo, acredita ser difícil que Huck, caso decida se candidatar, consiga lançar-se à Presidência pelo PSDB. Isso porque Alckmin hoje tem o controle do partido. A principal aposta no mundo político é que, se o apresentador se filiar a alguma legenda, será ao PPS – partido tradicionalmente aliado dos tucanos.

Outro rumor que corre nos bastidores é que a possível inexperiência política de Huck poderia ser compensada por um vice mais tarimbado. O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, que está deixando o PMDB, é visto como um bom nome para ser “tutor” do apresentador de televisão. Em novembro, Hartung inclusive disse publicamente que foi convidado para ser o vice de uma eventual candidatura de Huck.

O que Fernando Henrique vem dizendo sobre Luciano Huck?

O ex-presidente FHC foi o primeiro político de expressão nacional a falar de Luciano Huck como um possível nome para 2018. Em maio de 2017, em entrevista à Folha de S.Paulo, FHC afirmou que tanto Huck como o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), representavam o “novo” na política porque não estão envolvidos em denúncias da Lava Jato. Após isso, ainda no ano passado, o ex-presidente e o apresentador de televisão teriam tido encontros reservados.

Em 2018, as declarações de Fernando Henrique ficaram mais intensas. Em janeiro, afirmou ao jornal Valor que não considera que Huck está definitivamente fora da eleição, embora tenha feito a ressalva que “não vê espaço para outsiders”.

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Na última sexta-feira (2), FHC falou por meio de vídeo aos alunos do curso de formação de candidatos do Renova Brasil – movimento que tem Huck como um de seus principais incentivadores. O ex-presidente defendeu a renovação na política.

Na terça-feira (6), em entrevista à rádio Jovem Pan, FHC disse que a candidatura de Huck tem potencial para “arejar” o país e “botar em perigo a política tradicional”. E o ex-presidente disse entender que “isso é bom para o Brasil”.

Metodologia da pesquisa Datafolha

A pesquisa Datafolha citada nesta reportagem foi realizada nos dias 29 e 30 de janeiro de 2018. O Datafolha ouviu 2.826 eleitores em 174 municípios brasileiros. A margem de erro é do levantamento é de dois pontos porcentuais para mais ou menos. E tem um nível de confiança de 95%, o que significa que, se for repetida 100 vezes, em 95 os resultados vão estar dentro da margem e erro. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR 05351/2018. O levantamento foi encomendado pelo jornal Folha de S.Paulo.

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