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 | Ricardo Stuckert / Instituto Lula
| Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula

Em dezembro do ano passado, o Brasil tinha um recorte político que favorecia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A avaliação da imagem do petista atingiu a melhor taxa na série histórica das pesquisas Barômetro Político Estadão-Ipsos, com 45% de aprovação. Agora, quase um mês depois, Lula teve a condenação em segunda instância confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), tornando incertas suas chances de disputar a Presidência da República em outubro próximo.

A estratégia petista, liderada pela senadora Gleisi Hoffmann (PR), é manter o discurso em que se descarta a prisão de Lula e que o Supremo Tribunal Federal (STF) não permitirá que isso ocorra. Mas internamente, o PT já traça cenários para um plano B no caso de Lula não poder concorrer nas eleições. Correntes dentro do próprio partido debatem os perfis de possíveis candidatos. 

Dois nomes estão na linha de frente: o ex-governador baiano Jaques Wagner e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Pesa a favor deles o fato de que não são investigados e nem denunciados nos processos em curso pela Lava Jato. Mas outros nomes pouco citados correm por fora, casos de Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul, e de Aloízio Mercadante, ex-ministro da Educação e da Casa Civil na gestão Dilma Rousseff. 

Em meio a tantas dúvidas sobre o futuro do ex-presidente Lula, a única certeza é que a definição oficial do candidato da sigla à Presidência da República deve ocorrer até 15 de agosto de 2018, prazo para que partidos façam o registro das candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso o PT decida mesmo registrar Lula e posteriormente mude de ideia durante a campanha, o partido terá até 17 de setembro para registrar um novo candidato.

Conheça um pouco mais dos quatro petistas cotados para substituir Lula na disputa:

Jaques Wagner

José Cruz/Agência Brasil

Dentro do PT, ele é o nome com mais apoio para concorrer a presidente caso Lula seja impedido de se candidatar. Conta a favor de Wagner a experiência política – relatada por vários petistas como ingrediente essencial, já que a falta de experiência da ex-presidente Dilma Rousseff a fez fazer escolhas políticas e econômicas equivocadas.

O político baiano já foi deputado federal por três mandatos e já passou por quatro ministérios: Trabalho (2003) e Relações Institucionais (2005) no governo Lula e Defesa (2014) e Casa Civil (2015) no governo Dilma. Mas, para a militância do PT, o que mais destaca Wagner politicamente é o fato de ter sido eleito e reeleito governador da Bahia (2007-2014) e, em seguida, ter feito o seu sucessor. 

Leia também: Lula pede habeas corpus no STJ para evitar prisão após condenação na Lava Jato

A Bahia é tida como base eleitoral segura para o Partido dos Trabalhadores. Em 2006 Lula teve 67% de votos válidos no 1º turno e 78% no 2º. Em 2010, Dilma teve 47% no 1º e 71% no 2º turno, e em 2014 foram 61% e 70%, respectivamente. Esses desempenhos estão na conta de Wagner e das articulações políticas e amplas coligações que fez no estado.

Wagner chegou a ser citado por delatores da Odebrecht como beneficiário de R$ 12 milhões para a campanha de reeleição dele ao governo da Bahia, em 2010. Mas, até o momento, o Ministério Público não pediu abertura de inquérito contra ele. O petista chegou a constar no inquérito do “quadrilhão do PT”, que apura o crime de organização criminosa envolvendo membros do partido. Em setembro de 2017, o então procurador-geral da República Rodrigo Janot denunciou vários petistas pelo caso, mas não incluiu o nome de Wagner na lista.

Fernando Haddad

Lula Marques/ Agência PT

Ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação do governo Lula, Haddad tem dito a interlocutores que não concorrerá a nenhum cargo na disputa eleitoral deste ano. Entretanto, por integrar a equipe que coordena a elaboração do programa de governo de uma eventual candidatura Lula, o nome do petista ganhou força dentro do partido. Uma ala quer vê-lo como candidato da sigla, com Lula sendo seu principal cabo eleitoral.

Haddad foi indiciado por caixa 2 no início deste mês por supostamente não ter declarado à Justiça Eleitoral despesas da campanha que teriam sido pagas pela empreiteira UTC. O caso é sobre a campanha eleitoral de 2012, quando ele foi eleito prefeito de São Paulo. Ele nega a irregularidade e classificou o indiciamento como “amador”. Mesmo assim, Haddad não figura entre as personalidades do partidos implicadas na Lava Jato, por exemplo. 

Tarso Genro

Claudio Fachel

No passado, ele figurou como um dos nomes cogitados para suceder Lula no Palácio do Planalto, mas no fim prevaleceu a vontade do ex-presidente e Dilma foi escolhida como candidata do PT. Agora, pela experiência que tem e por não ter sido atingido por nenhuma denúncia de corrupção, Tarso Genro volta a figurar na lista de presidenciáveis do partido. Ele já ocupou os ministérios da Educação, Justiça e Relações Institucionais durante as gestões petistas no Executivo federal.

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Publicamente o gaúcho tem dado declarações favoráveis sobre Fernando Haddad disputar a Presidência neste ano. O problema é que o ex-governador do Rio Grande do Sul (2011 a 2015) não tem apoio suficiente dentro do partido para se lançar em uma disputa presidencial.Mas isso pode mudar.

Ele tem subido o tom nas críticas sobre a decisão do TRF-4, que confirmou, por unanimidade, a condenação do ex-presidente Lula. A interlocutores petistas, Genro tem reiterado várias vezes que se "o próximo presidente brasileiro for eleito sem ter conseguido vencer o Lula, vai ser um presidente ilegítimo e não vai poder governar o país”. 

Aloizio Mercadante

Wilson Dias/Agência Brasil

Ele é outro que descarta qualquer possibilidade de ser candidato à Presidência, mas o próprio partido não. Discretamente, a ideia inicial ao redor de Mercadante era que ele atuasse para disputar em 2018 uma vaga de deputado federal. Mas já não se descarta que ele vá para o “sacrifício” em nome do PT para manter uma candidatura da legenda ao Palácio do Planalto.

O problema é que o nome de Mercadante consta em um pedido de indiciamento feito pela Polícia Federal na Lava Jato. Em junho de 2017, entretanto, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República arquivou processo contra o ex-ministro da Educação e da Casa Civil do governo Dilma no caso envolvendo suposta tentativa do petista em convencer o ex-senador Delcídio Amaral a não fazer delação premiada.

Em setembro, a Procuradoria-Geral da República denunciou Mercadante, Lula e Dilma Rousseff por obstrução de Justiça na Lava Jato no episódio da nomeação do ex-presidente para a Casa Civil. Poucos dias depois, o ministro Edson Fachin, do STF, determinou a remessa do caso para a Justiça Federal do Distrito Federal, por não haver autoridade com foro privilegiado entre os denunciados.

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