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| Foto: Reprodução/Facebook/MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiu nesta quarta-feira (26) fazendas ligadas ao empresário Eike Batista. As invasões fazem parte da Jornada por Reforma Agrária, na qual a entidade iniciou uma estratégia de ações em terras de políticos e empresários que enfrentam acusações de corrupção.

Ocorreram invasões de fazendas e de órgãos públicos em 12 estados, incluindo propriedades do coronel aposentado João Baptista Lima Filho, amigo de Michel Temer e investigado após a delação da JBS, do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF – esta desocupada nesta quarta após ordem judicial.

Famílias de sem-terra invadiram um complexo de fazendas com 700 hectares em São Joaquim de Bicas, em Minas Gerais, que pertence à MMX, empresa de mineração de Eike. Cerca de 200 famílias participam da ação. O empresário enfrenta acusações de ter pago propina ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) e cumpre prisão domiciliar.

Segundo o MST, a fazenda “está devastada pela degradação ambiental” e as atividades da mineradora “podem acarretar uma crise do abastecimento de água” na região metropolitana de Belo Horizonte.

Os sem-terra também invadiram, no Rio Grande do Norte, uma área de um projeto apoiado pelo ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB). O peemedebista também enfrenta suspeitas de corrupção relacionadas à Operação Lava Jato. Ele cumpre prisão preventiva na penitenciária da Papuda (DF) desde junho.

Foram invadidas ainda nesta quarta fazendas em Mato Grosso do Sul e Paraná, além das sedes do Incra em Pernambuco e Maranhão. “Essas terras obtidas ou envolvidas nos esquemas de corrupção precisam ser confiscadas e destinadas a famílias sem-terra, para que elas tenham trabalho e produzam alimentos pro campo e pra cidade”, disse em nota Gilmar Mauro, da direção do MST.

Amigo de Temer

Na fazenda Esmeralda, do coronel Lima, em Duartina, as paredes foram pichadas com frases como “Fora, Temer” e “Corruptos, devolvam nossas terras”. Cerca de 800 militantes dormem na propriedade, acampados em barracas de camping ou em colchões no galpão de máquinas.

Segundo a Polícia Civil, um agricultor arrendatário dessas terras registrou boletim de ocorrência informando o furto de quarto cabeças de gado, que teriam sido abatidos para alimentar os acampados. A ocorrência, segundo o MST, é uma tentativa de incriminar a ação na fazenda e que o gado foi doado.

A Justiça determinou a saída imediata do grupo ainda na terça (25) – o que não aconteceu até as 20h. No fim da tarde, a PM foi à terra notificar os manifestantes. Os acampados planejam ficar até 2 de agosto, quando o Congresso votará a denúncia contra Temer. Após essa data, prometem sair pacificamente.

O caseiro e o administrador da fazenda não deixaram o local e disseram que não houve conflitos com os sem-terra. Esta é a quinta vez que a propriedade é invadida, a segunda delas pelo MST.

Lima cobra na Justiça R$ 505 mil de integrantes do movimento por supostos prejuízos que teve com a ação deles em sua fazenda em 2016. Ele apresentou queixa-crime contra três membros do movimento. A Justiça abriu a ação em junho deste ano.

O valor, segundo a defesa, é referente a depredações e furtos ocorridos na propriedade ao longo de cinco dias de invasão, em maio do ano passado, em meio à posse de Temer na Presidência. O amigo do presidente sustenta que durante a ação dos sem-terra 41 de 338 cabeças de gado na fazenda sumiram.

A advogada Lorana Prado, que atua para o MST, diz que os proprietários historicamente fazem queixas de depredação e furto após as ações dos sem-terra apenas para “denegrir o movimento”.

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