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| Foto: Igo Estrela/Estadão Conteúdo

Não foi uma e nem foram duas vezes. O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), ao menos nos discursos, tinha fixação em “eliminar’ o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Virou quase um bordão, dito várias vezes: “o governo militar deveria matar pelo menos 30 mil, a começar por Fernando Henrique”; ou: “o erro do governo militar foi não fuzilar o Fernando Henrique”; ou: “defendo o fuzilamento do presidente”. E outras variantes. O assunto foi lembrado na quinta-feira (16) por FHC, em palestra nos EUA.

Essa pregação contra o então presidente da República se deu, principalmente, entre 1999 e 2000, no segundo mandato do tucano. Mas o que diz Bolsonaro hoje sobre essas ameaças? Que tudo não passava de “força de expressão”. E a culpa foi de quem? Da imprensa, claro.

Fernando Henrique lembrou das ameaças de Bolsonaro, segundo colocado na corrida presidencial de 2018, ao falar para estudantes da Universidade de Brown. “Um dos candidatos propôs me matar quando eu estava na Presidência. Na época, eu não prestei atenção. Mas hoje eu tenho medo, porque agora ele tem poder, ainda não, ele tem a possibilidade do poder”, disse o tucano.

No livro “Mito ou Verdade”, uma biografia parcial de Bolsonaro escrita por seu filho, o deputado estadual Flávio Bolsonaro, esse episódio é descrito como uma reação do parlamentar, então no PPB, ao governo de FHC, de quem era opositor ferrenho. Diz que se tratou de uma “força de expressão”, levada ao “pé da letra” pelos jornalistas. Vai além e diz que quem pregou fuzilamento de alguém foi um avô de FHC, e da família real.

“Bolsonaro escolheu a palavra ‘fuzilamento’ como força de expressão, em alusão a uma declaração do avô de FHC, que, ao responder sobre o que deveria ser feito com a família real caso não saísse do Brasil, no momento em que o país se tornava uma República, respondeu: ‘devem ser fuzilados’. E, nesse caso, não foi força de expressão”, justifica Bolsonaro no livro do filho. “A declaração de Bolsonaro foi levada ao pé da letra pela grande imprensa e, mais uma vez, foi massacrado”, continua.

Cansado das ameaças à sua vida, Fernando Henrique, então, pediu que sua base no Congresso entrasse com um processo por quebra de decoro parlamentar contra Bolsonaro, que foi aberto, mas o deputado não foi cassado. “Prefiro ser cassado do que castrado. Tenho ou não tenho imunidade para emitir opiniões?, indagou Bolsonaro. O que se temia como uma ameaça, virou uma opinião.

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