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Discurso de Lula em evento do PT foi a primeira aparição pública do ex-presidente desde a delação de Léo Pinheiro. Em tom de campanha, petista falou em 2018. | Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Discurso de Lula em evento do PT foi a primeira aparição pública do ex-presidente desde a delação de Léo Pinheiro. Em tom de campanha, petista falou em 2018.| Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Num discurso de 42 minutos para um público estimado em 500 petistas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (24) que deseja depor logo ao juiz federal Sergio Moro, e que assim terá direito a se defender de “viva voz”. Ele disse que o empreiteiro Léo Pinheiro — tratado por ele como “Léo” no discurso — sofreu pressão enorme para depor contra ele e que está na hora de se “parar com o falatório” e se mostrar provas dos fatos que é acusado. Foi um tom de campanha, com várias citações sobre sua condição de presidenciável em 2018. O evento petista teve como tema os rumos da economia.

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Foi o primeiro discurso e primeira aparição pública de Lula desde o depoimento de Léo Pinheiro, semana passada, que pode ter complicado seu futuro político. Recebido com gritos de “Lula guerreiro do povo brasileiro” num centro de convenções, o petista falou para uma plateia de deputados, senadores, assessores e simpatizantes da legenda. Durante sua fala, foi interrompido por aplausos em alguns momentos, como na seguinte sequência de declarações.

“Vou prestar quantos depoimentos necessários. Mas tenho que ser tratado como os outros, mas não estou sendo. Estou sendo tratado pior que os outros. Nem vou mostrar as costas para não verem as chibatadas que levei”, disse Lula, que emendou a referência ao ex-amigo da OAS.

“Foi tanta pressão em cima do Léo, condenado há 26 anos...Tô (sic) vendo delatores com casa com piscina, morando em condomínio ao lado de desembargadores, como mostrou a TV. Desse jeito o Léo vai falar até da mãe”.

O ex-presidente afirmou que está na hora de se apresentar provas contra ele.

“Tá na hora de provas. De parar com falatório e mostrar provas. Não adianta falar em milhões, bilhões. Mostre um centavo de desvio meu, não dois, disse um centavo”, completou o petista.

Lula afirmou que é preciso se preparar para o “jogo pesado” que os petistas vão enfrentar, se referindo a julgamento que irá enfrentar na Justiça do Paraná. Se comportou o tempo inteiro como candidato e afirmou que estará na disputa em 2018 se não perder a condição de elegível.

Depoimento em Curitiba

Antes de Lula discursar, a informação de que Moro teria adiado seu depoimento do dia 3 de maio para o dia 10, a pedido da Polícia Federal, tomou conta do ambiente. O ex-ministro Jaques Wagner, também investigado na Lava Jato, afirmou que Lula vive sob uma “tortura psicológica” e que a relação dele com o juiz do Paraná virou uma “briga de gato e rato”.

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“Isso só aumenta a panela de pressão. É como adiar um casamento. Se remarcarem a data, fica mais difícil para ir”, disse Wagner.

Lula iniciou seu discurso falando desse assunto porque, antes, foi abordado por jornalistas.

“Uma jornalista me perguntou: seu depoimento foi adiado, isso é bom ou ruim? A imprensa me trata carinhosamente bem, os amo”, disse, em tom de ironia.

“Não marquei dia (de prestar depoimento). Mas, quando marcar, estarei lá. Quem deseja a verdade é o companheiro Lula”, afirmou, e voltou ao assunto logo depois.

“Vou ter de viva voz o direito de me defender. O horário vai ser meu”, falou também.

O petista também comentou a informação de que surgiram contra ele supostas provas relacionadas ao tríplex no Guarujá.

“Parece que a prova agora é um pedágio”, afirmou.

Os investigadores teriam obtido provas de que um carro do Instituto Lula teria passado num pedágio em direção ao Guarujá.

Candidatura

Lula ainda citou Donald Trump, disse que o Brasil não pode eleger um nazista em 2018 e afirmou, diante de vários deputados e senadores petistas, ser necessário melhorar a qualidade dos parlamentares nas eleições do ano que vem. Lamentou que quando foi eleito presidente, o PT fez apenas 81 deputados, em 2002, e depois uma bandada de 93 deputados, em 2006, na sua reeleição. E comparou um eventual retorno seu à Presidência da República a um casamento que foi reatado.

“Se eu for candidato, e se der tudo certo, é que nem casar com a mesma mulher. Vai voltar para fazer a mesma coisa? Alguém tem que ter melhorado”.

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