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Geddel Vieira Lima também foi apontado como intermediário do presidente Michel Temer em relatório preliminar da Polícia Federal aberto com base nas delações da JBS. | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Geddel Vieira Lima também foi apontado como intermediário do presidente Michel Temer em relatório preliminar da Polícia Federal aberto com base nas delações da JBS.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira (3), na Bahia, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), um dos políticos mais próximos ao presidente Michel Temer no âmbito da Operação Cui Bono. Geddel foi ministro da Integração Nacional durante o governo Lula (2007-2010) e da Secretaria-Geral de Governo na gestão Temer (maio a novembro de 2016).

O Ministério Público Federal (MPF) argumenta que ele agiu para atrapalhar investigações sobre fraude na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal, ao tentar barrar possíveis delações premiadas do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do doleiro Lúcio Bolonha Funaro. Para isso, segundo o MPF, Geddel atuou no sentido de assegurar que ambos recebessem vantagens indevidas, além de “monitorar” o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo.

A prisão é de caráter preventivo e tem como fundamento elementos reunidos a partir de informações fornecidas em depoimentos recentes de Lúcio Funaro, do empresário Joesley Batista, dono da JBS, e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva, sendo os dois últimos, em acordo de colaboração premiada.

Na petição apresentada à Justiça, foram citadas mensagens enviadas recentemente (entre os meses de maio e junho) por Geddel à esposa de Lúcio Funaro. Para provar, tanto a existência desses contatos quanto a afirmação de que a iniciativa partiu do político, Funaro entregou à polícia cópias de diversas telas do aplicativo.

Nas mensagens, o ex-ministro, identificado pelo codinome “carainho”, sonda a mulher do doleiro sobre a disposição dele em se tornar um colaborador do MPF. Para os investigadores, os novos elementos deixam claro que Geddel continua agindo para obstruir a apuração dos crimes e ainda reforçam o perfil de alguém que reitera na prática criminosa. Por isso, eles pediram a prisão “ como medida cautelar de proteção da ordem pública e da ordem econômica contra novos crimes em série que possam ser executados pelo investigado”.

No dia 13 de junho, Geddel antecipou-se a um possível pedido de prisão contra ele pelo MPF e colocou o passaporte e sigilo bancário à disposição do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Geddel foi citado nas delações da JBS como um dos interlocutores de Joesley com Temer.

O mandado de prisão foi assinado pelo juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal. A ordem foi cumprida na tarde desta segunda, segundo a Procuradoria no DF.

A quem beneficia?

A Cui Bono? (”A quem beneficia?”, em latim) foi deflagrada em janeiro pela PF e mirava Geddel e sua gestão na vice-presidência de pessoa jurídica na Caixa, entre 2011 e 2013. A PF suspeita de esquema de fraudes na liberação de créditos no período.

A investigação começou a partir de elementos colhidos em um antigo celular de Eduardo Cunha. Em 15 de dezembro de 2015, a PF realizou buscas na casa de Cunha e apreendeu o telefone no qual estavam armazenadas mensagens trocadas com Geddel.

Também fazem parte do esquema, segundo a investigação, empresários e dirigentes de empresas dos ramos de frigoríficos, de concessionárias de administração de rodovias, de empreendimentos imobiliários, além do operador Funaro. Os investigadores suspeitam que o grupo tenha praticado crimes de corrupção, quadrilha e lavagem de dinheiro.

A investigação corria no STF, mas quando Geddel perdeu o cargo de ministro o caso passou a tramitar na primeira instância.

Com a prisão do ex-ministro, passam a ser cinco os presos preventivos no âmbito das investigações das Operações Sépsis Cui Bono. Já estão detidos o deputado cassado Eduardo Cunha e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves, o doleiro Lúcio Funaro e André Luiz de Souza, todos apontados como integrantes da organização criminosa que agiu dentro da Caixa.

No caso de Cunha, Alves e Funaro, já existe uma ação penal em andamento. Os três são réus no processo que apurou o pagamento de propina em decorrência da liberação de recursos do FI-FGTS para a construção do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. Além deles, respondem à ação, Alexandre Margoto e Fábio Cleto.

Geddel deixou o governo Temer, de quem é amigo de longa data, sob acusação de pressionar o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para viabilizar um empreendimento na Bahia.

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