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Marcelo Miller (de crachá) diz que não “delinquiu”. | José Lucena/Estadão Conteúdo
Marcelo Miller (de crachá) diz que não “delinquiu”.| Foto: José Lucena/Estadão Conteúdo

O advogado Marcelo Miller, ex-procurador da República e antigo auxiliar de Rodrigo Janot, assinou um artigo neste domingo (22) no jornal “Folha de S. Paulo”, no qual reafirma que nunca passou informações sigilosas para o grupo J&F, controlador da JBS. Em resposta à carta assinada pelo presidente Michel Temer, que acusou os dois de terem arquitetado uma conspiração para derrubá-lo, Miller reiterou que não “delinquiu”, mas pediu desculpas por ter participado de tratativas com a J&F.

Miller atuava na força-tarefa da Lava Jato, mas pediu exoneração do Ministério Público Federal no começo de 2017 e em abril deixou o cargo para trabalhar no escritório Trench Rossi Watanabe, que negociou a delação premiada dos executivos da J&F. Ele foi desligado do escritório ainda em setembro.

Segundo Miller, foi só depois de pedida a exoneração que ele passou a se encontrar com executivos da J&F, para discutir sobre um futuro acordo de leniência. Ele afirmou que as conversas diziam respeito à pessoa jurídica da empresa, e que nunca prestou auxílio aos executivos – os irmãos Joesley e Wesley Batista, e outros, fizeram acordo de delação premiada que citava diretamente Michel Temer.

“Respondi a perguntas sobre estimativas de prazo, sobrevida empresarial, confiabilidade das instituições e harmonização de tratativas entre jurisdições. Perguntas gerais e respostas abertas, porque era um processo de construção de confiança”, escreveu Miller no artigo.

Segundo o advogado, a J&F nunca lhe pagou nada. “Ofereceu-me um emprego, que não aceitei. Não fui remunerado pelo tempo que passei com seus executivos antes de minha exoneração. Não poderia nem aceitaria ser”, disse. Segundo ele, nunca houve “jogo duplo”.

Miller também afirmou que nunca foi “braço direito” de Janot, tampouco auxiliar mais próximo. “O grupo de trabalho da Lava Jato tinha coordenadores, função que nunca desempenhei; nenhum de seus integrantes podia atuar sozinho; e meu relacionamento com Janot era funcional, com muito pouco convívio social”, relatou.

Entretanto, ele reconhece que foi “um grave erro de avaliação participar do projeto de remediação da J&F e, mais ainda, me antecipar, ainda que em caráter preparatório, aos efeitos da exoneração”. Por causa disso, ele diz, ocorreram percepções equivocadas sobre o trabalho realizado. “Peço desculpas”, afirmou Miller.

“Mas reafirmo: não delinqui; não fui ímprobo; não traí a instituição a que tanto dei de mim. Por todo o tempo em que dialoguei com a J&F, tive presentes as regras que sempre regeram minha atuação e minha vida. Estou seguro de que as preservei”, acrescentou o advogado.

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