• Carregando...
 | Henry Milleo/Gazeta do Povo
| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

O advogado Tiago Cedraz, filho do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Aroldo Cedraz, foi alvo da 45.ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (23). O caso de Cedraz é um dos quatro mandados de busca e apreensão cumpridos nesta manhã pelos policiais federais. A PF está nas ruas de Salvador, Brasília e de Cotia, na região metropolitana de São Paulo.

Segundo as investigações, Cedraz teria tentado favorecer a Sargeant Marine, empresa americana que fornecia asfalto à Petrobras. Ele também teria participado de reuniões em que se planejou o pagamento de propinas a agentes da estatal. O advogado também teria recebido comissões pela contratação da Sargeant Marine em contas de off-shore na Suíça.

Outro alvo da operação é o ex-deputado federal Sergio Tourinho Dantas, que também é advogado e foi sócio de Cedraz no escritório Cedraz & Tourinho Dantas, que já foi dissolvido. Atualmente, o ex-deputado é sócio do Brandão & Tourinho Dantas, com escritórios em Brasília e Salvador.

Segundo a PF, Cedraz e Dantas participaram de reuniões nas quais o esquema criminoso, com o pagamento de propinas a agentes da Petrobras, teria sido planejado. Paralelamente teriam recebido comissões pela contratação da Sargent Marine pela empresa petrolífera, mediante pagamentos em contas mantidas na Suíça em nome de empresa off-shore.

Ana Claudia de Paula Albuquerque, assistente de Cândido Vaccarezza, também foi alvo da operação nesta manhã. Segundo os investigadores, ela teria participado dos crimes, recebendo em espécie parte do valor da vantagem indevida repassada ao então parlamentar.

Na decisão que autorizou as buscas, o juiz Sergio Moro também determinou o bloqueio de bens de Tiago Cedraz e Sergio Tourinho Dantas. O valor máximo a ser bloqueado nas contas de cada um é de R$ 6 milhões.

Abate II

A Operação deflagrada nesta quarta-feira é um desdobramento da Operação Abate, deflagrada na última sexta-feira (18), que levou à prisão o ex-deputado federal Cândido Vaccarezza. O ex-parlamentar é suspeito de ter recebido cerca de US$ 500 mil para atuar em favor da empresa Sargent Marine na Petrobras.

Vaccarezza estava preso temporariamente em Curitiba, mas teve a prisão revogada pelo juiz federal Sergio Moro nesta terça-feira (22). A defesa do ex-deputado alegou problemas de saúde para pedir a revogação da prisão. Ele terá de entregar seu passaporte e pagar R$ 1,5 milhão em fiança, no prazo de dez dias.

O ex-deputado foi líder do PT na Câmara dos Deputados durante parte dos governos Lula e Dilma. Ele não conseguiu a reeleição em 2014 e deixou o partido em 2016. Atualmente está filiado ao PTdoB.

Cedraz

Tiago Cedraz já foi citado no depoimento do lobista Jorge Luz, que está preso em Curitiba e tentou fechar um acordo de delação premiada, sem sucesso.

Luz relatou que o advogado recebeu cerca de US$ 20 mil em pagamentos ilícitos e intermediou o contato entre a empresa americana e a Petrobras.

Seu nome também havia sido mencionado em investigações envolvendo o TCU, do qual seu pai, Aroldo Cedraz, é ministro. Delator da operação, o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, já havia acusado o advogado de atuar no TCU, junto ao ministro Raimundo Carreiro, para facilitar o processo da usina Angra 3, sob análise no tribunal. Cedraz teria recebido R$ 50 mil mensais da empreiteira.

Um delator da Odebrecht, Henrique Pessoa, também mencionou ter feito o pagamento de R$ 1 milhão ao escritório de Tiago Cedraz, para atuação no mesmo processo de Angra 3.

As delações geraram um inquérito no Supremo Tribunal Federal, que está em andamento. Cedraz sempre negou as suspeitas e afirma que nunca recebeu pagamentos da UTC ou da Odebrecht.

De acordo com a assessoria, o escritório do advogado “sempre pauta sua atuação pelo rigoroso cumprimento da legislação vigente, resultando inclusive na observância dos devidos impedimentos”.

Outro lado

Em nota, Cedraz reiterou “sua tranquilidade quanto aos fatos apurados por jamais ter participado de qualquer conduta ilícita”.

Disse ainda que confia na apuração conduzida pela força-tarefa da Lava Jato e permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos necessários.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]