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| Foto: Evaristo Sá/AFP

Durou pouco menos de um mês a calmaria no governo. O sinal amarelo no Planalto voltou a acender: o presidente Michel Temer (PMDB) novamente corre risco de ser afastado do cargo. E o motivo é a insatisfação da base aliada às vésperas da apresentação de uma nova denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer.

A expectativa nos bastidores é de que Janot apresente nos próximos dias ao Supremo Tribunal Federal (STF) a segunda denúncia contra Temer referente ao caso JBS, desta vez, especula-se, por obstrução de Justiça e organização criminosa.

Isso obrigará a Câmara a novamente levar ao plenário a decisão de afastar ou não o presidente do cargo para que ele possa ser julgado pelo STF. O problema para o Planalto é que Temer queimou muitos cartuchos para vencer a primeira votação, em 2 de agosto. Liberou R$ 2,1 bilhões em emendas parlamentares. Mas não entregou tudo. E a base está insatisfeita.

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Cargos para agradar os aliados

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), se reuniu com Temer no domingo (27) e disse ao presidente que a situação não é boa para ele enfrentar a segunda denúncia de Janot no plenário.

O motivo seria o atraso no pagamento das emendas prometidas. Embora a verba tenha sido empenhada, há obras que nem sequer têm projeto executivo elaborado para que o dinheiro possa efetivamente ser liberado. E isso está provocando insatisfação na base.

Temer já começou a tentar conter a rebelião dos deputados aliados. E a moeda de troca, desta vez, serão os cargos no governo. O Planalto está acelerando a demissão de aliados de deputados que votaram contra Temer. A ideia seria desocupar cerca de 140 vagas e redistribuí-las a indicados pelos parlamentares que foram fiéis a Temer na primeira votação.

Ao ser questionado sobre se a base aliada do governo teria força suficiente para barrar a segunda denúncia da PGR, como ocorreu com a primeira, Maia desconversou e se limitou a dizer que ocupa o cargo de presidente da Câmara.

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O mistério de Janot

Janot foi questionado nesta segunda-feira (28) se vai apresentar nova denúncia contra Temer antes de deixar o cargo, em 18 de setembro, quando Raquel Dodge assume o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele foi evasivo na resposta: “O Ministério Público não fala o que vai fazer. O Ministério Público faz e depois, se houver dúvida, explica porque o fez. O que eu posso dizer é que eu não deixo de praticar ato de ofício em razão de estarem faltando 20 dias para terminar meu mandato”.

O próprio Planalto, porém, dá como certo que Janot vai apresentar nova denúncia contra Temer antes de deixar a chefia da PGR. A primeira denúncia, de corrupção passiva no caso da JBS, foi rejeitada pelo plenário da Câmara em 2 de agosto – o que impede o STF de julgar Temer até o término do mandato dele, em 1.º de janeiro de 2019. Se os deputados tivessem acatado a acusação, Temer seria afastado por até seis meses para ser julgado. A segunda acusação seria por obstrução de Justiça.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, admitiu nesta segunda-feira que as possibilidades de Janot apresentar uma nova denúncia contra o presidente nos próximos dias são “as maiores do mundo”.

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