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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Especulada desde o ano passado, a troca no comando da Polícia Federal foi anunciada de forma oficial nesta quarta-feira (8). O delegado Fernando Segóvia foi escolhido pelo presidente Michel Temer (PMDB) para assumir a direção-geral da PF no lugar de Leandro Daiello. A posse foi marcada para o dia 20 de novembro, segundo nota oficial da Polícia Federal.

Há quase sete anos na chefia da corporação, Daiello chegou a colocar o cargo à disposição em diversos momentos, mas o ministro da Justiça, Torquato Jardim, preferiu mantê-lo. Sempre houve temores dentro do governo de que a mudança pudesse ser interpretada como uma ação política para interferir nos rumos da Operação Lava Jato ou das denúncias criminais que tinham Temer como alvo.

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Agora, superadas as denúncias na Câmara dos Deputados e faltando um ano para a saída de Temer do Planalto, o governo teria ficado mais à vontade para promover a mudança. Daiello assumiu a direção-geral da corporação em 2011, no primeiro ano de governo de Dilma Rousseff. A saída dele era especulada desde a posse de Temer no Planalto, em maio de 2016, e mais fortemente após Jardim assumir a Justiça, em junho deste ano.

Segundo nota oficial do Ministério da Justiça, Segóvia é formado em Direito na Universidade de Brasília e tem 22 anos de carreira. Ele foi adido da PF na África do Sul e superintendente regional no Maranhão, tendo exercido parcela importante de sua carreira em diferentes funções de inteligência nas fronteiras do Brasil.

O processo de escolha do novo diretor-geral teria gerado atritos entre o ministro Torquato Jardim e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Sérgio Etchegoyen, segundo a revista Veja. Jardim não teria gostado de saber que Etchegoyen tentava influenciar o presidente na escolha. A PF é subordinada ao Ministério da Justiça.

Segundo apurou a Gazeta do Povo, alguns delegados ficaram surpresos com a notícia da troca e teriam ficado sabendo da mudança pela imprensa. Entre os nomes especulados – além de Segóvia estavam Luiz Pontel de Souza e Rogério Galloro –, o escolhido de Temer era visto como o nome que o PMDB queria indicar para a vaga de Daiello.

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Antes da escolha oficial, de acordo com a Folha de S. Paulo, o ministro da Justiça tentou desvincular sua imagem a uma possível indicação de Segóvia, nome rejeitado por Daiello e ligado por políticos ao ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). Torquato chegou a fazer um almoço em local público com Galloro, o número dois da PF e preferido de Daiello para substituí-lo. O objetivo do ministro era acabar com o que ele chamava de “boatos” sobre uma possível preferência dele por Segóvia.

Segóvia é visto como um nome palatável ao universo político e teria buscado apoio no governo e no Congresso. Ele tem o apoio de cinco entidades que representam integrantes da PF: a Fenadepol (Federação Nacional de Delegados de Polícia Federal), e de organizações que representam agentes, papiloscopistas e peritos criminais.

A escolha, porém, não unifica o órgão. A Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal não reconhece a legitimidade da lista tríplice que levou ao nome de Segóvia.

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