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| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Descontentes com a política de reajuste do óleo diesel, caminhoneiros fizeram paralisações nas cinco regiões do país nesta segunda-feira (21). Pelo menos 17 estados mais o Distrito Federal registraram manifestações com bloqueios de rodovias, em greve organizada pela Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que representa motoristas autônomos.

Os estados de São Paulo e Minas Gerais foram os mais afetados pelas manifestações. Levantamento da Abcam mostra que Minas foi o que teve mais pontos de paralisação, um total de 15 segundo a entidade. Cerca de 300 mil caminhoneiros pararam em algum momento as atividades no país, conforme a associação.

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Os caminhoneiros pedem mudanças na política de reajuste dos combustíveis da Petrobras, com a redução da carga tributária para o diesel, além de isenção da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). “Acreditamos que o objetivo foi atingido. O que está acabando com o transporte rodoviário de carga são os impostos embutidos no óleo diesel”, afirmou José da Fonseca Lopes, presidente da Abcam.

Segundo ele, em média 42% do custo do frete se refere ao diesel e, quando o motorista pega um frete por R$ 4.000, “não ganha nem para chiclete”. “Ele vende o almoço para comprar a janta, pois está pingando para ele. Não tem ponto de apoio decente, não tem segurança nas rodovias e não está conseguindo manter a família com o mínimo de tranquilidade e rentabilidade.”

Na maioria dos estados, os caminhoneiros desencadearam a operação tartaruga, o que deixou o tráfego lento. Em outros locais, houve interdições totais ou parciais e queima de pneus. Em Cravinhos (SP), bloquearam a Anhanguera e pneus foram queimados no sentido interior-capital. O motorista João Alberto Mendes disse que participava do ato por não ver outra possibilidade de reverter a insatisfação do setor. “Todos reclamam, em todos os lugares. Não é possível que todos estejam errados.”

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Lopes disse que a queima de pneus representa a revolta do setor e que, se houver reajuste do diesel, a situação pode piorar. “Aí vai virar guerra. Não é isso que nós queremos.”

Mantendo a sua política de preços, a Petrobras anunciou que nesta terça-feira (22) faz reajuste de 0,9% no preço da gasolina, que passa a R$ 2,0687 o litro, e no diesel, de 0,97%. O diesel acumula alta de 12,3% no mês, e deve passar a custar R$ 2,3716 a litro. A flutuação acompanha a alta do dólar e as cotações internacionais de petróleo.

Lopes disse que, se houver negociação e a retirada de impostos do diesel, o movimento termina imediatamente. “Tivemos greve em 2013, 2014 e 2015 e não aconteceu nada. O governo criou grupos de trabalho que não resolveram nada.”

Também foram registrados protestos no Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Ceará, Paraíba, Tocantins, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Pará e Bahia.

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Segundo a Abcam, a orientação era não bloquear estradas ou queimar pneus. Mas bloqueio total ou queima de pneus foram registrados também na BR-116, no Paraná e na Bahia, na BR-101, em Santa Catarina, e no km 513 da Fernão Dias, em Minas.

De acordo com a CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), foram registrados 188 pontos de paralisação no país, sendo 7 no Norte, 38 no Centro-Oeste, 27 no Nordeste, 55 no Sul e 61, no Sudeste.

Governo estuda saída para a crise

Diante do protesto de proporções nacionais, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que o governo busca soluções para dar previsibilidade sobre o preço de combustíveis – uma reunião foi convocada às pressas na noite desta segunda-feira (21) para discutir uma saída para a alta desenfreada dos combustíveis.

“O presidente da República, ao convocar a reunião, mostrou-se preocupado com o aumento constante dos combustíveis e ele gostaria de ver isso resolvido de forma mais palatável por parte do cidadãos, dos caminhoneiros e por parte dos usuários do sistema de abastecimento dos combustíveis”, disse.

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Padilha, contudo, evitou responder a questionamentos sobre quais alternativas o governo busca para conter a alta dos preços. Ele não quis comentar a possibilidade de alteração na cobrança de impostos. E também não mencionou alteração na política de preços da estatal.

O ministro da Casa Civil disse apenas que a elevação é resultado de uma política internacional de preços que a Petrobras adotou. Ele justificou a alta do dólar e do barril de petróleo para as oscilações e disse que o governo já agendou uma reunião para terça-feira (22) com dirigentes da petroleira.

“Nós vamos tentar agora é ver se encontramos um ponto em que possa ter um pouco mais de controle nesse ponto [preços] para que os maiores interessados – cidadãos e os transportadores – possam ter mais previsibilidade”, disse minutos antes de participar da reunião comandada pelo presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto.

Participaram do encontro Temer, Padilha, Moreira Franco (Minas e Energia), Eduardo Guardia (Fazenda), Esteves Colnago (Planejamento), e o secretário da Receita, Jorge Rachid. Uma reunião prévia, na noite de domingo (20) já foi realizada no Palácio do Jaburu para tratar do tema.

A agenda desta segunda foi marcada depois de os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), também se manifestaram sobre o assunto. Eles anunciaram uma nota conjunta nesta segunda dizendo que as duas casas devem formar uma comissão para debater o preço dos combustíveis. “O preço dos combustíveis, no nível em que se encontra, impacta negativamente o dia a dia dos brasileiros”, afirmaram.

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