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 | Gabriela Korossy/ Agência Câmara
| Foto: Gabriela Korossy/ Agência Câmara

Coordenador da “bancada da bala” na Câmara, o coronel da reserva Alberto Fraga (DEM-DF) deve responder a um segundo procedimento no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar. O PSOL promete representar contra ele, nesta terça-feira (20), sob acusação de ter publicado informações falsas, as chamadas fake news, sobre a vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro, na última quarta-feira (14).

Fraga postou em seu twitter, no final de semana, que a parlamentar do PSOL teve um filho aos 16 anos com o traficante Marcinho VP e que teria sido eleita com apoio do Comando Vermelho. Nada disso é verdade, conforme esclareceu reportagem da Gazeta do Povo. Após muita polêmica e alvo de protestos, Fraga contou que retirou o conteúdo atendendo a um pedido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). 

"Recebi um post de uma fonte, com essas informações, e também postei no Twitter. Aí, de repente, recebi uma avalanche, na mesma linha e no mesmo teor. Mas, quando vi a repercussão, pensei: tem alguma coisa errada aí", disse o deputado, que, nesse momento teria recebido ligação do presidente da Câmara. 

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"Aí o Rodrigo ligou para mim e disse que não era bem isso. Me fez um pedido e resolvi recuar. Sem problema. Não foi por causa do xingamento, mas por ter publicado algo que não era verdadeiro. O Rodrigo, quando viu a confusão, me disse: 'Fraga, você é uma pessoa importante para mim no plenário’. Aí, decidi retirar", disse. 

“Querem canonizá-la?”

Mas, mesmo recuando, Fraga não baixa a artilharia. Disse já estar acostumado a esses ataques e que as pessoas tentam “canonizar e transformá-la em Santa Marielle Franco”. 

Quando perguntado se está com receio de voltar a ser alvo de um processo no Conselho de Ética, Fraga afirmou esperar que o PSOL não leve adiante tal medida. O partido já confirmou que vai sim protocolar nessa terça. Fraga, voltou ao contra-ataque. "Mas eles (do PSOL) estão habituados a anistiar bandidos e, mesmo depois de eu ter reconhecido que estava errado, não vão me anistiar?" 

O parlamentar já foi alvo de uma ação no conselho, que foi arquivada, em 2015, acusado pelo PCdoB de incitar o ódio e a violência contra as mulheres por ter dito que "bate como homem, tem que apanhar como homem também. Que história é essa?". Por 14 a 3, os conselheiros arquivaram a acusação. 

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O deputado justifica sua reação ao fato de que sua corporação, a Polícia Militar, estava sendo alvo de ataques seguidos após a morte de Marielle e seus integrantes apontados como possíveis responsáveis. 

"Eram ataques sem provas à PM. O que aconteceu foi tráfico. Não cabe nenhum tipo de retaliação. Muitas palavras de ordem do tipo 'não acabou/vai acabar/é o fim da Polícia Militar'. É duro. Enfim, o assunto para mim está encerrado. Acabou quando reconheci que, como coronel, deveria ter checado antes o que publiquei. Errei e reconheci", disse Fraga, que não resistiu e voltou a rebater. 

"Mas vou dizer uma coisa. Vou entrar na Justiça também contra os que me atacaram. Também fui alvo de difamação e calúnia".

PT também representa contra Fraga

Dois deputados do PT protocolaram uma representação contra Fraga na Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, ligada à Procuradoria-Geral da República, para que ele seja investigado pelo crime de calúnia ao atacar Marielle. O líder do PT, Paulo Pimenta (RS), e Wadih Damous (RJ) são os autores do pedido. 

No texto, eles reproduzem o post de Fraga, que escreveu na última sexta: “Conheçam o novo mito da esquerda, Marielle Franco. Engravidou aos 16 anos, ex-esposa de Marcinho VP, usuária de maconha, defensora de facção rival e eleita pelo Comando Vermelho, exonerou recentemente seis funcionários, mas que a matou foi a PM.” 

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Para os petistas, a mensagem de Fraga contribui e incita, ainda que forma indireta, à violência física a mulheres e a prática de crime contra a honra de forma indiscriminada.

“O assassinato da vereadora Marielle Franco, para o representado, estaria justificado e legitimado. Para tanto, desfere, ao léu, inverdades e impropérios contra seus eleitores e contra sua atuação. O recado da mensagem do representado é, portanto, incontroverso”, argumentam os petistas no pedido. 

 

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