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| Foto: EVARISTO SA/AFP

O ex-presidente Lula afirmou em entrevista na manhã desta terça-feira (27) que o presidente Michel Temer deveria chamar eleições diretas. Em entrevista à Rádio Itatiaia e transmitida no Facebook oficial de Lula, o ex-presidente pediu que o presidente Michel Temer convoque eleições gerais. A entrevista repercute a denúncia feita na segunda-feira contra Temer.

“A verdade é que ele tem uma maioria no Congresso, mas que está fragilizada tal a grandeza da vontade da sociedade que o Temer deixe a Presidência da República. O ideal seria que tivéssemos um processo mais tranquilo, que o próprio Temer poderia pedir antecipação das eleições e a gente pudesse escolher antes de outubro de 2018 um novo presidente da República e um novo Congresso Nacional, para que o pais recupere a paz, a democracia”, disse, frisando que defende a realização de eleições diretas imediatamente.

A proposta se alinha ao que defendeu o também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em artigo publicado na segunda-feira na Folha de S.Paulo . Para Lula, caberia a Temer convocar novas eleições, o que seria importante democraticamente para o Brasil.

“Temer não tem condições de governar o Brasil”, disse Lula ao encerrar a entrevista.

Para Lula, a crise foi causada por causa da escolha em se dar um “golpe insensato”, que tirou Dilma Rousseff do poder, alçando Temer. “Os brasileiros que foram pra rua para derrubar Dilma estão com vergonha de aparecer. Não colocam mais a camisa verde amarela porque sabem que fizeram bobagem. Que nessa eleição cada homem e mulher escolham seu candidato a deputado”, afirmou.

Sua candidatura à Presidência da República não está descartada, afirmou Lula. Ele evitou falar em possíveis concorrentes que podem disputar as eleições com ele, mas que acredita que novos nomes surgirão até as eleições.

“Se for necessário ser candidato, serei candidato. E se for, tenho a convicção que a possibilidade de ganhar as eleições é muito grande. Uma das coisas mais importantes é fazer que o povo brasileiro volte a sua memória para pensar o que aconteceu até 2014 na vida dele e o que está acontecendo agora e lembrar que outro Brasil é possível”, afirmou. “Se eu for candidato eu terei a maioria dos votos”, afirmou.

Estado policial

Lula criticou a condução da operação Lava Jato. Para o ex-presidente, o país vive em um Estado policial. Ele foi enfático em desafiar que alguém prove que ele recebeu valores ou bens indevidamente.

“Estamos vivendo quase que um Estado policial, em que as pessoas não precisam ter provas. Até o presidente da República foi gravado da forma mais ilegal possível. Se isso pode acontecer com o presidente, imagina com você? Precisamos fazer com que as instituições voltem a funcionar, com o juiz voltando a seu papel de julgar”, afirmou.

O ex-presidente condenou o uso de delações como base para as condenações. Lula citou a prisão do ex-ministro Antônio Palocci, ontem, como exemplo disso. “É preciso ter mais seriedade. A delação não pode ser avacalhada”, disse em uma crítica velada ao juiz Sergio Moro. Palocci foi condenado a 12 anos de prisão na segunda-feira.

Para o ex-presidente, os responsáveis pela investigação, denúncia e juízo de pessoas citadas em delações devem ter cautela para não reagirem pautados pela reação pública ou pela imprensa. “Quando alguém é juiz ou procurador não é para trabalhar com a opinião pública. É para trabalhar com fatos”, afirmou.

“Você não pode ficar subordinado a uma manchete de jornal, assim você está fazendo pirotecnia”, afirmou,

“Desafio o Ministério Público a provar que o apartamento é meu, que tem um documento, um centavo, um real, que tem um documento assinado. Continuo desafiando o MP a apresentar uma prova. Não é possível. Se tiver uma decisão que não seja a da minha inocência, vou dizer que não vale a pena ser inocente no Brasil”, disse.

Assista à entrevista completa:

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