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| Foto: Lula Marques/Agência PT

Informado da demissão do Ministério da Justiça pelos jornais, Osmar Serraglio deu um troco à altura. Ao recusar-se a assumir o Ministério da Transparência, colocou o Palácio do Planalto numa enrascada. Assim que retomar o mandato na Câmara (o que deve acontecer na tarde desta quarta-feira), Serraglio vai tirar o foro do “apertador de parafusos” presidencial, Rodrigo Rocha Loures, filmado com a famosa mala de R$ 500 mil patrocinada pela JBS.

Perder o foro, no caso de Rocha Loures, é abrir as portas da cadeia e, por consequência, de uma delação premiada.

Michel Temer não contava com a astúcia de Serraglio, tratado nos últimos meses como bobo da corte pela “elite” peemedebista. Mas essa não foi sua falha mais juvenil. Depois da jogada de mestre frustrada, tentou colocar outro deputado da bancada do PMDB na Transparência para manter Rocha Loures como deputado.

Além de Serraglio, o PMDB do Paraná tem mais três titulares na Câmara – Sérgio Souza, João Arruda e Hermes Parcianello (aquele que atende pelo nome-de-guerra de Frangão). Arruda é sobrinho de Roberto Requião e da ala mais crítica às peripécias da gestão Temer. Frangão é um fenômeno de votos justamente por se distanciar do alto clero, não está nem aí para a Esplanada, muito menos para a sobrevivência de Temer (não apareceu nem para votar a reforma trabalhista).

Sobrou Souza. Que, assim como Arruda, declarou que não quer a Transparência. Depois deles, o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi, informou que a bancada de 63 deputados do partido também dispensava o cargo.

Você deve estar pensando: se TODOS os deputados do PMDB estão esnobando uma boquinha no governo, é porque tem algo muito estranho nessa “oportunidade”. Em primeiro lugar, é preciso entender o que de fato é o Ministério da Transparência. Obra de Temer, a pasta nada mais é do que uma remodelagem da antiga Controladoria-Geral da União, que serve para investigar casos da corrupção no governo federal.

Quem quer caçar corrupto em tempos de Lava Jato? Até tem bastante gente, mas não no Congresso. Aliás, lotear esse ministério ou utilizá-lo para dar foro privilegiado a um aliado dá bem o tom de como o governo Temer “prioriza” o combate à corrupção.

O buraco é ainda mais embaixo. Um deputado como Sérgio Souza, por exemplo, não tem nada a ganhar eleitoralmente nesse ministério. Muito melhor ficar na Câmara, como presidente da Comissão da Agricultura, do que ficar escondido na terceira divisão da Esplanada.

A eleição é logo ali, em 2018, e os deputados estão seguros que o ministério que combate a corrupção não dá voto. É um retrato bem fiel de que estamos todos aprendendo muito pouco com a crise em que nos metemos nos últimos três anos.

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