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Marcelo Odebrecht se envolveu diretamente na resolução da ‘Guerra dos Portos” e conseguiu aprovação de medida que reduziu as alíquotas estaduais de ICMS para importação | Reprodução/
Marcelo Odebrecht se envolveu diretamente na resolução da ‘Guerra dos Portos” e conseguiu aprovação de medida que reduziu as alíquotas estaduais de ICMS para importação| Foto: Reprodução/

A influência que Marcelo Odebrecht tinha junto ao Partido dos Trabalhadores (PT) e o governo federal aliada ao pagamento de uma soma milionária ao senador Romero Jucá (PMDB-RR) fez da interlocução do empresário decisiva para o fim da Guerra dos Portos. O objetivo era limitar a concessão, pelos estados, de incentivos fiscais à importação, com o argumento de que isso impactaria toda a indústria brasileira e não apenas a Braskem, empresa controlada pela Odebrecht e com participação da Petrobras. E isso foi conseguido com a aprovação da PRS 72 junto ao Senado, que reduziu a alíquota estadual do ICMS para importações para 4%.

Em sua colaboração premiada, Odebrecht afirma que esse não era um assunto específico da agenda da própria empresa – a Braskem – mas sim de todo o setor petroquímico e outros setores produtivos. Entre o fim de 2010 e início de 2012, o empresário se reuniu com Guido Mantega (então ministro da Fazenda) e com Fernando Pimentel (ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior à época). Segundo Marcelo, a pressão da indústria recaía sobre Pimentel. Já a Mantega cabia o papel de representar os interesses do governo junto aos estados. Foi Mantega quem priorizou o tema e indicou o senador Romero Jucá, então líder do governo na Casa, como o responsável por trabalhar pela aprovação da medida.

Um dos encontros entre Marcelo Odebrecht e Mantega ocorreu em um evento promovido pela revista Isto É, em 2011. O empresário conta que teve a ajuda de Pimentel e do então governador da Bahia Jacques Wagner (PT) para reforçar a importância da aprovação da medida para Mantega. “Na ocasião, o ministro Mantega me garantiu que já teria dado orientação firme para Romero Jucá avançar com a medida no Senado”, relata.

R$ 4,5 milhões ‘ajudaram’ na aprovação de medida

Ao ser questionado se foi abordado por políticos pedindo dinheiro em troca da ‘ajuda’ na aprovação da proposta, Mareclo Odebrecht disse que não houve um pedido tão explícito quanto em outras ocasiões. “Entra naquele favorzinho que ele [político] acha que prestou pra gente”, disse.

A colaboração de Jucá para a aprovação da medida lhe rendeu o pagamento de R$ 4 milhões, por meio do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. O repasse gerou ‘ciúme’ do colega senador Delcídio Amaral (na época, PT-MS), que reclamou da falta de reconhecimento do seu trabalho para a aprovação da PRS 72. O choro deu resultado e o ex-senador teria sido informado de que receberia um pagamento – o repasse de R$ 500 mil ficou registrado para o apelido “Ferrari”.

As informações dizem respeito ao termo de colaboração premiada 33, que faz parte do inquérito 4382, em que o investigado é o senador Romero Jucá.

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