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Com paralisação nacional, várias cidades vão ficar sem ônibus nesta sexta-feira (28) | Atila Alberti/Tribuna do Parana
Com paralisação nacional, várias cidades vão ficar sem ônibus nesta sexta-feira (28)| Foto: Atila Alberti/Tribuna do Parana

Nas ruas, nos trilhos e no ar. A greve geral planejada para a próxima sexta-feira (28) vai afetar os sistemas de transporte do país, atingindo principalmente a população que depende deles. Organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) em conjunto com outras centrais sindicais, a paralisação já conta com o apoio de motoristas de transporte público, metroviários e até mesmo funcionários de aeroportos, além de educadores, bancários e outras categorias. O objetivo é pressionar a Câmara contra as propostas de reformas da Previdência e trabalhista apresentadas pelo governo Michel Temer.

Segundo a CUT, é impossível dimensionar a quantidade de pessoas que participarão dos atos, principalmente porque a cada momento surgem novos anúncios de apoio. Atualmente, a entidade conta com mais de 25 milhões de trabalhadores em sua base, número que deve ser somado ao das demais centrais que organizam o ato, além de outros tantos movimentos sociais. E, como a própria CUT explica, há ainda muitos setores que devem definir uma eventual adesão em assembleias que serão realizadas nos próximos dias.

Sem transporte

Entre as classes cuja participação já foi confirmada, motoristas e cobradores do transporte público são o que mais vão afetar o dia a dia do brasileiro. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte vão ficar sem ônibus nas ruas. Além disso, quem depende de trens e metrôs também vão ter de procurar um transporte alternativo em muitas dessas capitais, já que ferroviários e metroviários vão apoiar a greve em Brasília, Recife, São Paulo e Porto Alegre. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), por exemplo, anunciou que todas as linhas vão parar.

Correios entraram em greve nesta quarta-feira (26)

Os trabalhadores dos Correios entraram em greve por tempo indeterminado na noite desta quarta-feira (26), a partir das 22 horas, em todo o Brasil. A paralisação não está relacionada diretamente aos protestos contra as reformas, embora o sindicato que representa a categoria já tenha confirmada que a classe vai participar das manifestações.

Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a greve vem para combater a possibilidade de privatizações, o fechamento de agencias o que chama de “desmonte fiscal”.

Até mesmo quem pretende aproveitar o feriado para viajar pode acabar encontrando problemas. O Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA) confirmou que vai se juntar à paralisação e disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que espera a adesão de todos os seus profissionais. Com isso, todo o pessoal que atua dentro dos aeroportos deve cruzar os braços, o que pode atrasar ou mesmo cancelar muitos voos.

Já os pilotos e comissários de bordo ainda não definiram se também vão parar no dia 28. O Sindicato Nacional dos Aeronautas decretou estado de greve no início da semana, mas só deve decidir se participa ou não da manifestação na próxima quinta-feira (27), quando se reúne em uma nova assembleia. Uma das principais pautas da categoria era a não contratação de aeronautas por meio do sistema de trabalho intermitente, o que acabou incluído no texto da reforma trabalhista pelo relator Rogério Marinho (PSDB).

Outras atividades

Além do transporte público, diversos outros setores vão ficar sem atendimento em todo o Brasil por causa da greve contra as reformas apresentas pelo governo Temer. Exemplo disso são os bancários, que devem manter as agências de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Fortaleza, Recife, Brasília, Cuiabá e Porto Alegre com as portas no último dia útil do mês.

Além disso, muitas escolas também vão ficar sem aulas. No Paraná, a APP-Sindicato confirmou que os professores estaduais vão se juntar à greve, assim como os profissionais da rede municipal de ensino de Curitiba e Londrina. Em São Paulo, além dos educadores do sistema público, professores de escolas particulares também vão para as ruas participar dos atos organizados. As turmas ficarão vazias também no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.

Porém, os servidores públicos e a classe operária devem ser os que mais vão encorpar os movimentos desta sexta-feira. Metalúrgicos de São Paulo, Paraná e Pernambuco já anunciaram a participação nos atos, parando linhas de montagem em várias fabricantes de veículos e eletrodomésticos, se juntando aos petroleiros de mais outros seis estados. No Mato Grosso, trabalhadores da construção civil também aumentam o coro contra as reformas.

Entidades religiosas e prefeituras apoiam greve

Além de todas as centrais sindicais, a paralisação geral desta sexta-feira conta ainda com alguns apoios um tanto quanto inesperados. As Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, instituição ligada à Igreja Católica, declarou apoio aos atos. Outros membros do corpo clerical também convocaram os fiéis, como o arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler.

Já alguns órgãos públicos encontraram formas diferenciadas de endossar os protestos. A prefeitura de Porto da Folha, no Sergipe, declarou ponto facultativo no município por causa das greves.

Já em termos de serviços públicos, policiais civis, profissionais da saúde e funcionários do Poder Judiciário manifestaram apoio à paralisação. Em Curitiba, a paralisação fará com que a coleta de lixo seja suspensa na sexta-feira.

Contra o tempo

A decisão da CUT e demais centrais sindicais de organizar a greve geral para esta sexta-feira vai além da véspera do feriado do Dia do Trabalho. Como o objetivo é pressionar a Câmara contra as reformas, a escolha da data foi feita para se antecipar às votações. Ou, pelo menos, deveriam ter sido.

Dando sequência à manobra de tramitar o projeto da reforma trabalhista em caráter de urgência, a proposta que altera várias convenções de trabalho foi antecipada e vai a plenário ainda nesta quarta-feira, antes das greves. No entanto, isso não deve ser visto como um problema para os organizadores da paralisação. Segundo a CUT, uma eventual aprovação da proposta no Congresso apenas inflará a insatisfação da classe trabalhadora, aumentando a participação nos atos de todo o país.

A reforma da Previdência, por outro lado, deve demorar um pouco mais para ir a plenário. Por ser o projeto mais polêmico do governo, as várias discussões e revisões do texto atrasaram os planos do Planalto de aprovar as mudanças ainda no início de 2017. A previsão é que ela comece a ser votada na comissão especial da Câmara somente na próxima terça-feira, dia 2 de maio. A expectativa é que a conclusão dos dois turnos de votação aconteça apenas no fim do próximo mês.

Dessa forma, o que as centrais sindicais esperam que a pressão das ruas faça com que os deputados revejam seus pareceres, o que representaria um novo recuo do governo. Após os protestos de março, a base aliada de Temer encolheu e o Palácio do Planalto se viu obrigado a fazer várias concessões e mudanças no texto da reforma, retirando categorias e tornando as exceções mais abrangentes.

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