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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta terça-feira (21) o ex-gerente da Transpetro José Antônio de Jesus, na 47ª fase da Lava Jato, chamada de Operação Sothis. Ele é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de receber R$ 7 milhões em propinas por contratos da empresa NM Engenhearia com a Transpetro, subsidiária da Petrobras.

Cerca de 40 policiais cumpriram oito mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão temporária, e cinco mandados de condução coercitiva nos estados da Bahia, Sergipe, Santa Catarina e São Paulo.

Além de José Antônio de Jesus foram alvos da operação seus familiares e intermediários, suspeitos de operacionalizarem o recebimento das propinas pagas pela NM Engenharia, entre setembro de 2009 e março de 2014.

O ponto de partida das investigações foi a colaboração premiada dos executivos da NM Engenharia. A partir daí foram realizadas diversas diligências, como afastamento de sigilos bancário, fiscal, telemático e de registros telefônicos, os quais revelaram a existência de estreitos vínculos entre os investigados e corroboraram os ilícitos narrados pelos colaboradores.

“A fase de hoje decorre de acordos de colaboração e acordos de leniência e isso significa que a expansão da investigação se irradia também para a Transpetro e também para a BR Distribuidora. E aqueles que cometeram crimes, seja na Petrobras, seja na Transpetro, seja na BR Distribuidora, não fiquem tranquilos. A Lava Jato avança e as investigações continuarão profundas e firmes até o seu fim”, disse o procurador Atayde Ribeiro.

Segundo os procuradores, o esquema de lavagem de dinheiro da corrupção era bastante rudimentar. Para dissimular e ocultar a origem ilícita dos recursos, o valor foi pago por meio de depósitos realizados em contas bancárias de terceiros e familiares, vindo de contas de titularidade da empresa de engenharia e/ou de seus sócios.

O ex-gerente teria pedido, inicialmente, o pagamento de 1% do valor dos contratos da empresa com a Transpetro como propina, entretanto, o acerto final ficou em 0,5%. Segundo os delatores, este valor foi pago mensalmente em benefício do Partido dos Trabalhadores (PT), de modo independente dos pagamentos feitos pela mesma empresa a pedido da presidência da Transpetro, e que eram redirecionados ao PMDB. O ex-gerente se desligou da subsidiária da Petrobras recentemente.

Apesar de afirmar que parte dos R$ 7 milhões teriam sido repassados ao PT, os procuradores não souberam explicar como esse valor foi operacionalizado e quem, dentro do partido, era o responsável pela articulação com José Antônio de Jesus. Na delação, Luiz Fernando Nave Maramaldo, executivo da NM Engenharia, diz que “a rádio-peão dizia que José Antônio vinha da área sindical do PT e que seria uma pessoa de Jacques Wagner [ex-ministro petista]”.

Segundo o despacho que determinou a prisão, Luiz Fernando Nave Maramaldo apresentou, em sua colaboração, uma tabela na qual constam pagamentos que totalizaram R$ 7 milhões no período compreendido entre setembro de 2009 a março de 2014, à Queiroz Correia Cia Ltda, a Adriano Silva Correia e à JRA Transportes Ltda EPP - empresas ligadas à família de José Antônio de Jesus. O juiz Sergio Moro destacou, ainda, que foram registrados “saques em espécie vultuosos” após os depósitos da NM Engenharia.

Segundo o MPF, a NM Engenharia possui contratos com a Petrobras e com a Transpetro que chegam a R$ 1,5 bilhões. Em 2015, a Gazeta do Povo já havia revelado que a empresa tinha envolvimento nas irregularidades investigadas na Lava Jato.

Os investigados responderão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. José Antônio de Jesus será transferido para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Sothis é uma referência a uma das empresas investigadas na operação, que se chama Sirius. A estrela Sirius era chamada pelos egípcios de Sothis.

Em nota, o PT afirmou que “não tem qualquer participação nos fatos investigados e tomará as medidas judiciais cabíveis diante das condutas levianas e ilegais de quem acusa sem provas”. “Mais uma vez a Lava Jato busca os holofotes da mídia para fazer acusações ao PT, sem apresentar fatos para comprovar o que diz. A cada dia fica mais claro que os procuradores de Curitiba se desviaram do combate à corrupção para fazer guerra judicial e midiática contra o partido”, destacou o partido.

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