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Desafetos de longa data dentro do PMDB, o presidente Michel Temer e o senador Renan Calheiros já não se entendem. | Marcos Correa/PR
Desafetos de longa data dentro do PMDB, o presidente Michel Temer e o senador Renan Calheiros já não se entendem.| Foto: Marcos Correa/PR

Pessoas próximas ao presidente Michel Temer afirmam que ele está “indignado” com a postura do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), contra as reformas trabalhista e previdenciária. Nesta sexta-feira (28), o presidente do partido, Romero Jucá (PMDB-RR), deu um ultimato ao líder. A aliados, Jucá já avaliou que a permanência de Renan no cargo dependerá do seu “comportamento quando as reformas começarem a tramitar” na Casa.

Por meio de nota, Jucá declarou que “qualquer decisão sobre a liderança do partido no Senado cabe à bancada de senadores” e que não conversou sobre o assunto com o presidente Temer. Renan, por sua vez, disse que “não está sabendo” de nenhum tipo de movimento contra ele, nem leu a nota do presidente da legenda. “Não sei se há movimento, se não há”, respondeu. Ele destacou que a semana foi “muito tranquila” e “agradável.

Na quinta-feira (27), Renan voltou a criticar a reforma trabalhista em discurso no plenário, que começará a tramitar no Senado a partir da próxima semana, após ser aprovada na Câmara. O líder da bancada defendeu que os senadores têm o dever de mudar o texto. Segundo ele, a proposta chega a “constranger” e “coagir” integrantes da base governista.

“Não acredito que essa reforma saia da Câmara e chegue aqui, ao Senado Federal – reforma de ouvidos moucos –, sem consultar opiniões; reforma que só interessa à banca, ao sistema financeiro, rejeitada em peso e de cabo a rabo pela população; reforma tão malfeita, que chega a constranger e a coagir a base do próprio governo. Por isso ela vai e volta, de recuo em recuo”, disse Renan.

O líder da bancada atua nos bastidores para atrasar a tramitação da reforma e modificar o texto defendido pelo governo. A ideia seria fazer com que a proposta tenha que passar pelo maior número possível de comissões (pelo menos três), antes de seguir para o plenário. Já os governistas querem que o texto passe por apenas um colegiado, em caráter de urgência, podendo ser aprovado em até três semanas no plenário.

Maioria da bancada do PMDB no Senado defende postura independente de Renan

Para o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), o presidente do partido não deve interferir em assuntos da bancada. “Não é o presidente em exercício do PMDB que tem que falar sobre liderança da bancada. O presidente em exercício do PMDB está dando uma nota estapafúrdia”, reclamou. Jucá foi eleito vice-presidente do PMDB, mas assumiu o comando da sigla após Temer ser nomeado presidente da República, no ano passado.

Já o senador Airton Sandoval (PMDB-SP) avalia que Jucá deu um recado necessário a Renan. “O líder de uma bancada não pode assumir opiniões pessoais. Entendo que ele, para tomar qualquer decisão, assumir posições a favor ou contra do governo, não pode fazer isso em nome da bancada sem consultá-la. Renan está assumindo opiniões pessoais, atrapalhando o governo, e isso não pode continuar acontecendo”, disse.

O senador Raimundo Lira (PMDB-PB) afirmou que desconhece algum movimento contra Renan na bancada ou interferência por parte de Temer. Ele reconheceu, entretanto, que Renan possui força para influenciar a tramitação da reforma trabalhista. “Acho que passar por três comissões seria um preciosismo e até uma forma de obstrução. Mas, se Renan permanecer com essa determinação, o que vai acabar acontecendo é o que ele está querendo”, considerou.

Aliado de Renan, o senador Hélio José (PMDB-DF) afirmou que a bancada está pacificada. Ele lembrou que os peemedebistas representam 33% dos senadores da Casa. “Nosso líder tem apoio de todos nós, não teve nenhum tipo de discussão (contra Renan), nunca houve. Qualquer coisa em relação a isso é falácia”, defendeu.

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