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 | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Queixe-se de qualquer coisa do governo Michel Temer. Menos que não seja um governo de um fisiologismo explícito. Esse troca-troca e toma-lá-dá-cá começou lá atrás, em 2016, no afastamento de Dilma Rousseff. “Vote a favor do impeachment e terás um lugar assegurado na Esplanada”, propagavam os seguidores do então vice-presidente.

Depois, as duas votações na Câmara que barraram as denúncias da Procuradoria-Geral da República – por corrupção passiva e obstrução de Justiça – e impediram que o Supremo Tribunal Federal (STF) processasse Temer.  Ali, os líderes do governo falavam abertamente que quem votasse contra o presidente iria perder cargos, recursos de emendas e muito mais. 

Agora, para aprovar a reforma da Previdência, assunto que assusta os deputados, o governo inovou na conquista de apoio e anuncia aos interessados em fazer alterações no texto do relator, Arthur Maia (PPS-BA), em alto e bom som: "Só aceitamos mudanças que tragam votos para o governo". É um escracho. Não tem outro adjetivo. 

O mérito da sugestão? Ora! Trazendo voto para o governo tá valendo. O recado é mais ou menos esse. O governo vai deixar a reforma ser destroçada no plenário desde que consiga os 308 votos para aprovar sabe lá o que sair daí. Um monstrengo, que seja. 

Essa estratégia – "aceito sua ideia se você me arranjar votos" – é a senha para desfigurar o texto da reforma, sobre o qual já foram feitas muitas concessões. A última, essa semana, a pensão integral para viúvas de policiais mortos em ação. 

O governo chamou os jornalistas para uma coletiva nessa quarta-feira (7) para anunciar o novo texto do relator. Quase nenhuma mudança no que já se conhecia. O líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), falou da necessidade da aprovação da reforma e reforçou a 'estratégia' dos desejosos por mudança na reforma que tragam votos, missão que o governo não conseguiu fazer. 

A coletiva do governo foi classificada por uma jornalista como um "teatro". Ficou claro que Temer e sua turma jogaram a toalha. Sabem que não terão os 308 votos. Ainda assim, a reforma da Previdência vai a voto. Aprovou? Ótimo!. Não aprovou? O governo fez a sua parte e não foi compreendido. E, como num teatro, fecha-se o pano rapidamente.

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