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| Foto: José Cruz/Agência Brasil

Em menos de uma semana, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) virou, primeiro, a tábua de salvação de seu partido, ao substituir Aécio Neves no comando do partido. Depois, tornou-se uma saída para a crise do governo Michel Temer. Seu nome, numa eventual eleição indireta, ganhou força e aparece no topo da lista dos “presidenciáveis” do colégio eleitoral.

Mas Tasso não aparece como a primeira e preferencial opção de um partido atingido em cheio pela Lava Jato e outros escândalos. Suas principais lideranças foram caindo aos poucos. Por ordem: o senador José Serra, que já perdeu duas disputas para a Presidência da República, é alvo de inquérito suspeito de ter recebido doações ilegais. Deixou o Itamaraty e sumiu no Senado. Ninguém o viu, ninguém o vê.

Vice de Aécio na chapa derrotada em 2014, o senador Aloysio Nunes, que está no Itamaraty no lugar de Serra, também se enroscou na Lava Jato. Delatores o acusaram de receber R$ 500 mil à guisa de propina. Se tem pouca notícia sobre ele também. Aécio Neves caiu em desgraça após cair no grampo de Joesley Batista. Teve sua irmã Andrea presa e escapou por pouco da cadeia. Seu partido o rifou. Sua sombra em Minas Gerais, o outro senador Antônio Anastasia, não bastasse uma postura low-profile e não parecer ter ambições nacionais, também está citado na Lava Jato.

Tasso é o que restou de intacto nos tucanos de alta plumagem do PSDB. Claro, tem Fernando Henrique Cardoso, biografia de poucos reparos, mas difícil vê-lo nessa arenga. O ex-governador do Ceará - o foi por três vezes - é visto como um conciliador, sereno e sem faca nos dentes. É de bastidores, não de discursos duros no plenário. Rico, dono de uma famosa rede de shopping centers, Tasso tem mandato no Senado até 2023.

Adversários desdenham

O colega de Senado Ronaldo Caiado (DEM-GO), a favor das diretas agora, acha que o país não vai aceitar eleição indireta. Não entrou no mérito de virtudes e defeitos de Tasso.

“Para quê um presidente biônico nesse momento?! E eu serei apenas 1/594 avos desse colégio eleitoral”, disse Caiado, somando os 513 deputados mais os 81 senadores e totalizando o número de eleitores numa votação indireta.

Os parlamentares do PT nem aceitam falar de voto indireto. Não admitem essa hipótese e negam que desejam “diretas já” para proteger o ex-presidente Lula de uma eventual condenação do juiz Sérgio Moro. Arlindo Chinaglia (PT-SP) foi um dos poucos que aceitaram falar sobre colégio eleitoral, com ressalvas.

“Não gosto de falar nisso porque essa discussão acaba sempre em listas. Não é o momento disso” - disse Chinaglia, confrontado pela reportagem com a hipótese de uma candidatura Tasso Jereissati. Não resistiu.

“Chance zero”, disse o petista.

Na política, sempre se lança nomes antes do tempo - os balões e ensaio - para medir sua aceitação. O nome de Tasso não encheu os olhos de muita gente, mas também não foi para o limbo sumariamente. Continua no páreo.

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