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| Foto: Dida Sampaio /Estadão Conteúdo

Dez meses depois do famoso episódio em que ficou conhecido como o “homem da mala”, o ex-assessor do presidente Michel Temer e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures se diz inocente. Em petição de 49 páginas encaminhada em fevereiro à Justiça Federal de Brasília e obtida com exclusividade pelo jornal O Globo, Rocha Loures alegou não saber que havia dinheiro na famosa mala com R$ 500 mil filmada em ação controlada da Operação Patmos, no dia 28 de abril de 2017, em São Paulo. O ex-deputado chegou a ser preso no episódio, em junho de 2017, após as delações premiadas de executivos da JBS virem à tona.

Na peça de defesa, o ex-deputado afirma que recebeu a mala do delator Ricardo Saud, ex-executivo da J&F, “sem saber qual era seu conteúdo” e disse que “desconhecia quaisquer acertos, pagamentos e condições” relacionados à mala.

Mas gravações feitas pela Polícia Federal indicam o contrário, segundo O Globo. Em uma das conversas gravadas por Saud antes de se encontrar com Rocha Loures em uma pizzaria para entregar a mala de dinheiro, o delator afirma: “Você, por ter nos ajudado, já tem quinhentos mil guardadinho. Tá guardado comigo em casa e eu não quero ficar.” Loures responde, de acordo com a transcrição da PF: “Tá.”

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Na denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou Loures de ser um “longa manus” de Temer, que teria encarregado o ex-assessor apenas de buscar a mala e entregá-la a seu destinatário final, o presidente da República. Temer chegou a ser acusado de corrupção passiva no caso, mas livrou-se de responder ao processo, pelo menos até dezembro de 2018, após a Câmara rejeitar a denúncia da PGR.

Rocha Loures defendeu Temer no documento, afirmando que não houve comprovação de que a mala seria para o peemedebista. “O simples fato de Rodrigo ter exercido a posição de assessoria do presidente não caracteriza concretamente o acerto de vontades para o cometimento de ilícitos. Afinal, a presidência da República conta com diversos assessores, sendo pouco razoável presumir que, ao exercer um cargo próximo ao chefe do Executivo, esses profissionais estão automaticamente anuindo com toda e qualquer ação do presidente da República”, diz a defesa.

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Na petição, o ex-deputado se furta de esclarecer outros pontos do controverso flagrante: ele não explica por que correu com a mala, não diz por que devolveu os R$ 500 mil recebidos, nem por que estavam faltando R$ 35 mil, tampouco entra em detalhes sobre o assunto.

Rocha Loures se tornou réu do caso em dezembro do ano passado, quando o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, aceitou o recebimento da denúncia. A defesa dele pede que sejam anuladas as provas da Operação Patmos, argumentando que as interceptações telefônicas e a ação controlada foram ilegais, e que Loures seja absolvido sumariamente.

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