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A luta de classes no transporte: o inimigo é o carro!
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Em sua coluna de hoje na Folha, o filósofo Luiz Felipe Pondé fala dos riscos de um estado “jardineiro”, que pretende eliminar as “ervas daninhas” e impor sua visão ideológica de mundo, sob o risco de um totalitarismo abjeto. Atualmente, quando se trata de transporte, a “erva daninha”, o inimigo e ser combatido ou mesmo eliminado, é o carro.

Pondé começa o artigo com uma provocação: e se todos os motoristas de automóveis privados deixassem seus carros em casa e fossem disputar espaço nos precários transportes públicos? Qual seria o resultado? O caos, naturalmente. Ainda assim, são esses donos de automóveis aqueles tratados com desdém pelos “revolucionários” modernos.

Reinaldo Azevedo já cunhou o termo “talibikers” para falar desse fascismo de ciclistas que tratam o assunto como uma seita, demonizando o carro. Pondé resume bem o tipo:

Os motoristas viraram a erva daninha da cidade. Ciclistas já os odiavam quando passavam com seu ar de santo ecológico pelos pobres coitados dos motoristas que não moram numa “pequena Amsterdã”, como a moçada da classe média alta que mora perto do trabalho ou da “facul”, ou que tem um trampo fácil, sem horas duras, ou ganha muito bem ou tem grana de outra fonte e então pode ir de bike para o trabalho ou para a “facul”. Quem anda de bike para salvar o planeta é playboy light.

A ideia de luta de classes nunca foi parida pelo proletário. Sempre foi coisa da própria elite, ou da classe média alta. Aquele que pode se dar ao luxo de só andar de “bike”, pois mora bem e perto do trabalho e da faculdade, acaba ridicularizando o sonho de quase todo brasileiro de ter um carro particular e poder fugir da necessidade de utilizar os transportes públicos superlotados.

Pondé lembra, ainda, que os proprietários de automóveis pagam impostos enormes, sem receber nada em troca (minto, recebem estradas cheias de buracos e assassinas), e que é o próprio governo de esquerda, do PT, que estimula a venda de mais carros com subsídios. Nada disso importa: o dono do carro é retratado como “bacana” inconsciente dos problemas climáticos, um riquinho egoísta e insensível. Nada mais falso, como aponta Pondé:

Claro que a playboizada que gosta de estimular ódio social vai dizer que motorista de carro não deve ter direito nenhum porque é parte das “zelite”. Mentira: a maioria dessas pessoas corre de um lado para o outro para trabalhar, estudar, levar filhos à escola e cumprir suas obrigações. E agora viraram a erva daninha da cidade.

Tudo muito bonitinho, mas os mais pobres sonham em comprar seus carros para poder levar sua mina para passear.

Mas essa realidade não atende bem aos anseios “revolucionários” da turma que fomenta uma eterna luta de classes. Como diz o filósofo, “a América Latina é o único continente que ainda leva a sério esse papinho de luta de classes” (eu arriscaria dizer que os norte-americanos, sob Obama, cada vez mais também). Pondé fulmina: “Somos atrasados e vamos ser sempre a vanguarda da política como circo”.

Rodrigo Constantino

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