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A origem da desigualdade entre as mulheres
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Por Francisco Razzo, exclusivo para o blog

Critico o feminismo, não as mulheres. Para ser mais preciso: feminismo enquanto movimento ideológico, que julga representar todas as mulheres, falar em nome de uma abstração e se posicionar a partir da perspectiva revolucionária.

Há tantos feminismos que, ao falar de feminismo, também incorro no erro da generalização. Portanto, há necessidade de um nível mais elementar de precisão: critico a estrutura ideológica de um certo tipo de feminismo enquanto movimento político, de atuação e, acima de tudo, justificação de uma nova forma de violência: a paradoxal violência da “boa selvagem”.

O paradoxo da “boa selvagem” resume a energia vital do movimento feminista revolucionário: “mulheres nascem boas, mas os homens que as corrompem”. É um mito, obviamente. Se para Rousseau a grande mácula da pureza humana estava na propriedade privada, para as feministas o mal é, literalmente, o homem.

No Discurso sobre a Origem e Desigualdade entre as Mulheres, podemos ler: “O primeiro homem foi o fundador da sociedade civil. Daí vieram muitos crimes, muitas guerras, horrores e assassinatos que poderiam ter sido evitados se a primeira mulher tivesse capado este impostor. Não podemos esquecer que os frutos da terra prometida pertencem a todas nós e a nenhum homem”.

No entanto, retomando a realidade, mulheres devem ser respeitadas por serem pessoas, independentemente de serem ou não feministas ou mulheres. Eu tenho duas filhas e temo constantemente pelo futuro delas. Tenho esposa. Tenho mãe e duas irmãs. Tenho amigas. Colegas de trabalho, enfim. A dignidade de cada uma delas precede o gênero, embora elas expressem essa dignidade antropológica no mundo como mulheres. Seria realmente possível dizer que a dignidade vem sendo ameaçada por serem exclusivamente mulheres? É possível.

Já que viver foi, é e sempre será um risco, para homens e para mulheres. E a maldade foi, é e sempre será uma possibilidade real. Não há mito mais bobo do que o do “bom selvagem” e agora o da “boa selvagem”. Não são “os homens” os agentes da maldade, mas cada pessoa traz em si a possibilidade de realizar a perversão, a maldade e a canalhice em sua própria condição humana. O mal é um problema antropológico, não um problema de gênero. Cada caso extremo de canalhice, maldade e perversão não pode ser a medida para “os homens”; as extremidades não são a medida de nada — o bom senso é a medida. E todo movimento revolucionário não passa de uma declaração de guerra contra o bom senso.

Assim como nem todos conseguem alcançar a santidade, que seria o extremo da bondade, nem todos alcançam a perversidade, que seria o extremo da maldade. Bondade e Maldade estão cravadas no interior da vida de cada um de nós — não enquanto homens e mulheres. Cabe o esforço para encontrar forças e tentar conduzir uma vida tão digna quanto possível.

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