A perversão da democracia (de dentro dela). Ou: O PT não é democrata, e sim totalitário

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Sempre foi uma preocupação dos liberais, principalmente daqueles com viés mais conversador, que a própria democracia pudesse descambar para uma tirania e destruir os pilares democráticos pregados pelos liberais. Tocqueville foi um dos que alertaram para esse perigo, entre tantos outros. E quando vemos o que os bolivarianos, eufemismo para comunistas, fizeram na América Latina recentemente, esse alerta ganha ainda mais força.

Esse foi o tema da coluna de Denis Rosenfield hoje. Ele tem feito vários ataques aos esquerdistas autoritários e totalitários disfarçados de democratas. No texto de hoje, começa afirmando que é na linguagem que os antidemocratas destroem a própria democracia, e cita como exemplo o caso venezuelano, defendido pelo PT no Brasil:

A perversão da democracia começa pelo (mau) uso da linguagem política. Conceitos são esvaziados do seu significado, palavras são ideologicamente utilizadas, e os discursos afastam-se de qualquer relação com a verdade. Pior do que isto, ritos e procedimentos democráticos são de tal forma deturpados, que terminam por servir à própria subversão da democracia.

O caso mais extremo, tão admirado por certos setores da esquerda brasileira, é o da Venezuela, com seu “experimento” de “socialismo do século XXI”. Na verdade, trata-se de uma mera repetição do comunismo do século XX, tendo como único elemento diferenciador o fato de se dizer democrático quando, na verdade, não respeita regras democráticas ou, melhor ditas, republicanas.

O Judiciário é totalmente dominado, até recentemente o Legislativo era completamente controlado, os meios de comunicação são severamente reprimidos e cooptados por empresários laranjas do governo, a Petrobras deles é usada para objetivos nitidamente políticos, milícias aterrorizam a população e assim por diante.

Não poderia concordar mais. Em Esquerda Caviar, dediquei logo no começo um longo capítulo inteiro para falar do duplipensar, da novilíngua orwelliana e dessa obliteração de conceitos, justamente por entender que é na destruição ou manipulação de termos amplamente aceitos que os inimigos da liberdade avançam. Os comunistas sabem, por exemplo, que não teriam chance de mostrassem sua verdadeira carranca e se assumissem comunistas. Por isso todo regime comunista, sempre totalitário, usou o termo “democrático” para enganar os trouxas.

E o PT vem enganando muitos trouxas no Brasil há anos. Flerta abertamente com regimes ditatoriais, como Cuba e Venezuela, mas o faz sempre em nome da democracia ou da “justiça social”. Usou todos os recursos possíveis para tentar destruir nossa democracia, comprando o Congresso, aparelhando a máquina estatal, tentando controlar a imprensa, sempre de olho do domínio absoluto do poder. Conseguiu causar um grande estrago, mas não logrou êxito total, e a parte remanescente de nossa democracia republicana é o que assombra os petistas hoje.

Sua reação é esperada, de acordo com seu DNA antidemocrático: atacar aqueles que trabalham em prol do fortalecimento das instituições republicanas. Rosenfield cita alguns exemplos, como o manifesto dos advogados contra a Operação Lava-Jato. Ora, quando essa gente compara a situação atual com a do regime de exceção da era militar, isso só pode ser uma patética tentativa de usurpar conceitos e manipular palavras. Os petistas investigados contam com todas as possibilidades de defesa, até demais da conta.

A acusação de que o impeachment seria um golpe vai na mesma linha. O impeachment é previsto pela própria Constituição, e o PT mesmo o defendeu contra Collor e FHC. Mas ao usar o termo “golpismo” para se referir aos democratas defensores das regras do jogo, o PT está apenas apelando para sua velha tática de deturpar conceitos e acusar o inimigo de ser o que ele mesmo é.

Quem não suporta a democracia republicana, com seu estado democrático de direito, é justamente o PT, amigo de Fidel Castro e Nicolás Maduro. O maior inimigo que a democracia brasileira tem hoje chama-se PT, o mesmo que finge ser seu grande aliado, e se protege de todo ataque legítimo atrás de conceitos manipulados. A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude, dizia La Rochefoucauld. O PT sabe disso. Simula ser democrata pois é cínico, hipócrita, e sabe que o povo valoriza a democracia como uma virtude, enquanto o verdadeiro vício petista é sua essência totalitária e comunista.

Rodrigo Constantino