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A qualidade das elites é fundamental
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Muitos gostam de criticar o povo, e repetir a velha máxima, com boa dose de razão, de que cada povo tem o governo que merece. Mas há aqueles que defendem uma tese alternativa: é a qualidade das elites que faz toda a diferença. Povo é povo em todo lugar. Medíocre vem de média, não custa lembrar. Portanto, a diferença mesmo estaria no perfil das elites de cada país.

Tenho algum apreço por esta teoria, pois sabemos da importância dos formadores de opinião no restante da população. As massas acabam sendo mais seguidoras do que líderes, e dependendo das lideranças, o resultado pode ser bem diferente. Critiquemos o povo brasileiro por suas escolhas, então; mas saibamos que temos uma péssima elite também, voltada para finalidades mesquinhas e sem a devida responsabilidade que o fardo de ser elite deveria impor.

O economista Marcos Troyjo fala do assunto em sua coluna de hoje na Folha. Troyjo lida com a tecnologia voltada para os Brics, e pode ver, de perto, as diferenças nas abordagens de cada país no que diz respeito aos investimentos nesse setor, o mais relevante para a produtividade de um país na era da informação. Diz ele:

Ao contrário do que possa parecer, a inovação por destruição criativa não é o produto da centelha de gênios. Ela demanda elites visionárias e apaixonadas por seu país. Elites funcionais são as que unem patriotismo e planejamento estratégico –algo raro na tela de radar dos que dirigem o Brasil.

Não basta amplo contingente vindo do ensino médio ou de escolas técnicas. Educação universal é obrigação cívica. No entanto, inovação não é medida em horas na sala de aula, mas no que se faz de concreto e inovador com a educação recebida. Portanto, inovação é produzida por elites e é o produto de elites.

Elites inovadoras levam seus países à combinação de “quatro elementos constitutivos” da destruição criativa. Capital, conhecimento, empreendedorismo e ambientes de negócios conducentes à inovação.

Para Troyjo, portanto, o que está em jogo no mundo atual é uma competição entre elites. Qual visão de mundo tem a nossa elite? Que tipo de ambiente institucional e cultural ela defende? Será que nossa elite intelectual e financeira valoriza os pilares de um ambiente competitivo e meritocrático, possíveis no capitalismo liberal? Será que há uma visão de país, não ufanista ou nacionalista, mas patriótica de verdade, depositando relevância grande no futuro, nas gerações vindouras?

Sabemos as respostas, e não são animadoras. Podemos criticar o “povão”, a falta de educação, as escolhas muitas vezes rudes ou pouco refinadas. Mas acho que as elites brasileiras merecem uma atenção bem especial. Não na linha populista das esquerdas, que colocam a culpa de tudo na “zelite”, fingindo inclusive não ser parte integrante dela. Mas sim cobrar uma responsabilidade maior daqueles que, de fato, podem e devem liderar os avanços de nosso país rumo a um futuro mais próspero e livre.

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